Uma das inovações que mexem com o mercado atualmente é o Banking as a Service (BaaS), você já ouviu falar? Ela faz parte das mudanças tecnológicas que vêm chegando a todos os setores do mundo corporativo, afinal, os próprios consumidores exigem soluções digitais.
Segundo a Pesquisa Febraban Tech 2022, elaborada pela Federação Brasileira de Bancos, para 87% dos bancos nacionais, a alta expectativa dos clientes sobre canais digitais levaram à digitalização dos seus serviços.
Por isso, vamos mostrar neste artigo o conceito do BaaS e sua diferença em relação a outros serviços financeiros digitais. Você também vai conferir como está esse mercado e o que é necessário para começar a oferecer o serviço.
Criamos este artigo para te contar tudo o que você precisa saber sobre Banking as a Service! Confira o conteúdo completo ou, se preferir, navegue pelos tópicos a seguir. Boa leitura!
O que é Banking as a Service (BaaS)?
Banking as a Service é o termo utilizado para toda e qualquer plataforma de serviços financeiros, geralmente de fintechs, que permitem que uma empresa tenha o seu banco e possa oferecê-lo a seus clientes. Ou seja, contratar um BaaS significa ter um banco a seu serviço, o que garante à empresa inúmeras facilidades, como:
- Controle de entradas e saídas dos clientes
- Diminuição das burocracias geradas pelos bancos tradicionais (quem nunca passou trabalho para resolver um pepino no banco?)
- Personalização e automação do setor financeiro da empresa, dentre muitos outros pontos positivos.
Nos próximos tópicos, você entenderá melhor como isso funciona e como o mercado está reagindo a essa solução. Tenha em mente que um BaaS faz o papel da instituição de pagamento e do emissor, direcionando tal autonomia à empresa.
Como o Banking as a Service funciona na prática?
Com uma plataforma BaaS, é possível desenvolver e gerenciar toda a cadeia de pagamentos da sua empresa sem precisar que um banco faça isso por você. Desta forma, você precisa manter relacionamento com as bandeiras escolhidas e o adquirente contratado.
Seus clientes terão um cartão personalizado, com a identidade do seu negócio, fazendo todas as transações no ambiente digital por meio de um aplicativo e poupando a sua empresa de uma série de tarefas complexas envolvidas na integração com os bancos.
Assim, pensando em estratégia de negócio, uma empresa que opta por ter uma conta digital com características de banco entrega ao consumidor final uma experiência completamente personalizada e diferenciada. Além disso, ela aprimora o relacionamento com o cliente, incrementa seu portfólio e fica a par do comportamento de consumo da base gerada dentro do BaaS, ao longo do tempo.
Por que empresas querem ter seu próprio banco?
Vamos agora examinar algumas razões que levam uma empresa a ter seu próprio banco, como BaaS.
Agilidade e fidelização
Com o banking como um serviço, quando há necessidade de realizar operações financeiras, não é necessário depender de outras organizações para tornar o processo ainda mais complicado para os seus usuários. Ou seja, com o novo modelo, companhias de qualquer setor eliminam a burocracia ao lidarem com as finanças.
Oferecer pagamento de boletos, cartões, transferências e outros serviços aos clientes pode ser crucial, a fim de otimizar a experiência deles. Assim, a empresa pode avançar na fidelização de consumidores com um portfólio de produtos mais abrangente e uma geração de valor mais ampla.
Essa fidelização também é importante para escalar as soluções. Se operações bancárias tornam-se mais fáceis, a tendência é que mais pessoas se envolvam com isso e passem a realizar esses processos. Desse modo, a companhia aumenta o número de bancarizados e atrai mais usuários.
Segurança
É importante frisar que as APIs oferecidas por empresas de banking as a service são extremamente focadas em segurança. Nesse sentido, existe um cuidado grande com confidencialidade e proteção de informações, de modo a garantir transações e processos realizados em conformidade com os direitos dos clientes e com as leis do assunto.
Foco no core do negócio
Se você ainda se pergunta por que buscar uma solução BaaS, essa é outra grande vantagem. Afinal, o grande destaque desse paradigma é a abstração de questões técnicas e legais, tornando todo esse processo automatizado e descentralizado.
Assim, cada organização consegue focar no seu core business, sem ter que se preocupar muito com detalhes ao lidar com processos bancários. Mesmo com essa abstração, ela ainda consegue otimizar a experiência dos seus clientes com um serviço de qualidade e inovador.
Atração e fidelização de clientes
Os serviços financeiros e bancários são mais uma ótima forma de atrair os clientes e também retê-los. Como a empresa conhece bem as necessidades e dores do seu público, pode oferecer soluções que sejam mais próximas da sua realidade. Esse é um grande atrativo para atrair os clientes e fidelizá-los.
Serviços mais interessantes para seu público
Uma forma de oferecer soluções para o público-alvo, é por meio da escolha de serviços que sejam interessantes a ele. Em muitos casos, existe um excesso nos serviços financeiros e bancários apresentados pelas instituições tradicionais. Você pode trazer um processo mais claro, pensado diretamente no seu público-alvo.
Redução de custos para os clientes e para as empresas
Complementando a vantagem anterior, se os serviços são planejados de acordo com as demandas do cliente, o preço também tende a ser mais realista. Gastos com manutenção de conta podem ser diminuídos, pois o ambiente virtual elimina custos de infraestrutura das agências e com os funcionários, que são repassados para o público.
Até mesmo as grandes instituições percebem essa vantagem. Basta reparar no número de agências bancárias que vêm fechando nos últimos anos. A pandemia é em parte culpada por esse processo, mas no quadro geral, o maior motivador é a digitalização dos bancos.
Digitalização do dinheiro
Falando nisso, a digitalização do dinheiro é mais uma tendência inevitável promovida pelo BaaS. É um processo que visa substituir o papel por serviços digitais. A ideia é tornar os processos cada vez mais seguros, e até mesmo sustentáveis.
Mais agilidade nas transferências
A agilidade é uma das características mais interessantes dos BaaS e uma das maiores preocupações dos clientes. O público quer mais agilidade nos processos, facilitando sua gestão financeira. O mercado tão competitivo e rápido como o atual, demanda ações ainda mais velozes.
BaaS x fintech as a service: qual a diferença?
Agora que você conhece o conceito de Banking as a Service, vamos falar sobre sua diferença em relação ao Fintech as a Service (FaaS). Antes de mais nada, é preciso destacar que o serviço de BaaS depende de uma integração via API (Interface de Programação de Aplicação) entre os sistemas do cliente e do desenvolvedor.
Aí entra a fintech: é ela que desenvolve esse API para que seus clientes possam oferecer o BaaS. Ou seja, é uma terceirização. Por isso, não é obrigatório ter autorização do Banco Central do Brasil para atuar como BaaS. Já a fintech responsável por desenvolver a API, por sua vez, precisa ter o registro junto ao Bacen.
Ou seja: assim funciona o Fintech as a Service: fornecendo uma API sob medida para que outra empresa atue como BaaS para seus clientes. E o BaaS, por sua vez, permite que o cliente realize operações bancárias a partir de uma conta digital, como:
- Geração de boleto
- Pagamento de contas
- Transferências
- Depósitos
- Pix
- Cartão de crédito
- Cartão de débito.
E o que é Credit as a Service?
Credit as a Service (CaaS) é a oferta de linhas de crédito sob medida para atender às necessidades de cada cliente (que, nestes casos, costumam ser startups que não atuam no mercado financeiro).
Por meio de um API, essas empresas podem oferecer a cada cliente uma solução única de empréstimo, totalmente customizada e com prazos e parcelas que atendam às suas possibilidades.
Para isso, a empresa responsável pelo CaaS deve cumprir todas as etapas para a concessão de crédito, como:
- Análise de crédito
- Análise da documentação
- Prevenção contra fraudes
- Vendas
- Atendimento ao cliente.
Tudo é automatizado, o que garante segurança tanto para quem oferece quanto para quem adquire o crédito. Essas características tornam o CaaS interessante para empresas que desejam facilitar vendas.
O BaaS vai acabar com os bancos tradicionais?
Se o Banking as a Service substitui a figura do banco tradicional e é uma solução inovadora e em ascensão no mercado, isso significa que os bancos tradicionais estão ameaçados?
A resposta é: não!
Isso porque os bancos tradicionais não precisam ser, necessariamente, concorrentes dos bancos digitais. Pelo contrário, a tendência é que os bancos tradicionais utilizem as tecnologias disruptivas dos BaaS para realinhar os modelos e implementar soluções ágeis e que pensem mais no consumidor/cliente.
Como está o mercado “As a Service”?
O formato “as a Service” é uma tendência para os setores mais diversos da economia. A tecnologia viabiliza a criação destas soluções para fazerem parte do nosso dia e facilitar a nossa rotina. E, cada vez mais, o consumidor quer contar com um serviço que atenda às suas necessidades em primeiro lugar.
Por isso, a ideia de “possuir bens” acaba perdendo espaço para a praticidade de assinar uma solução tecnológica.
Esse conjunto de inovações é chamado de “Anything as a Service” (qualquer coisa como serviço, em inglês). A sigla é XaaS, em que o “X” representa a infinidade de possibilidades.
Esse mercado deve crescer a uma taxa anual de 25,5% até 2026, segundo uma pesquisa do IMARC Group, referência em análise de mercado. Outro estudo, de autoria do 360iResearch (também em inglês), afirma que o mercado de XaaS tem em 2022 um tamanho estimado em US$ 330,9 milhões. Até 2027, a estimativa é que esse valor dê um salto, chegando a US$ 628,8 milhões (mais de R$ 3,3 bilhões).
Algumas das empresas desse modelo estão tão presentes nas nossas vidas que muitas vezes nem percebemos. Um bom exemplo é o uso de aplicativos como o Uber: por meio da tecnologia de geolocalização, essas plataformas entregam serviços de transporte sob demanda aos seus usuários. É fácil e rápido de usar, conforme a necessidade, e pago de acordo com o uso.
Os motoristas, por sua vez, contam com a facilidade de encontrar passageiros interessados no transporte e a segurança nas cobranças. Já o Airbnb entrega serviços de locação no mercado de hospedagem, também sob demanda.
Enfim, são muitos os exemplos de plataformas Xaas. E, neste contexto, os bancos mostram ótimos resultados, como vamos ver a seguir.
O panorama de BaaS no Brasil e no mundo
O investimento em Banking as a Service mostra o potencial de crescimento da modalidade.
Segundo relatório da Distrito Dataminer, 40% dos US$ 9,4 bilhões investidos em startups nacionais em 2021 foram destinados a fintechs. Isso equivale a US$ 3,7 bilhões, ou algo próximo a R$ 20 bilhões. No mundo inteiro, o levantamento contabiliza um investimento total de US$ 114,9 bilhões (mais de R$ 620 bilhões) no mesmo ano.
Junto com as empresas responsáveis pelo API que faz o BaaS funcionar, cresce também a demanda por esse tipo de serviço. Uma pesquisa da empresa indiana Mordor Intelligence, por exemplo, aponta que o número de usuários de serviços bancários digitais deve chegar a 3,6 bilhões até 2024. E é claro que o Brasil não fica de fora dessa tendência.
Quanto custa um BaaS?
Há casos de empresas que fazem investimentos de centenas de milhões de Reais para ingressar no ramo de BaaS. Este valor a princípio pode assustar, mas varia muito de caso a caso.
Negócios de menor porte podem contar com uma Fintech as a Service, como você leu no primeiro tópico deste artigo. Nesses casos, por se tratar de um serviço sob demanda, esse valor pode ser mais acessível, podendo inclusive variar conforme os serviços bancários que sua empresa planeja oferecer.
Por isso, conforme seu modelo de negócios, pode valer mais a pena contar com uma API de pagamentos.
De qualquer forma, ainda que a API seja terceirizada, sua empresa precisa dar alguns passos se quiser investir nessa modalidade. Veja quais são eles no próximo tópico.
Como abrir um Banking as a Service?
O Banking as a Service pode ser implementado por qualquer empresa, seja qual for o setor, desde que posicione como B2B, B2C e B2B2B2C. Para isso, é preciso passar por algumas etapas, como vamos mostrar abaixo:
Integre suas equipes
O desenvolvimento e implementação da tecnologia do BaaS não é apenas uma tarefa para líderes. Pelo contrário: a iniciativa exige um esforço de todas as áreas que se envolvem de forma direta e indireta com a saúde financeira da sua empresa.
Por isso, é importante conscientizar essas equipes sobre a importância de integrar e dividir tarefas.
Pesquise as soluções disponíveis
Há no mercado uma série de empresas que oferecem APIs. Não existe a melhor, mas sim a mais adequada às suas necessidades.
Ao escolher uma solução para BaaS, é importante levar em consideração se a plataforma oferecida vai facilitar a transferência das informações.
Além disso, o aplicativo que você vai oferecer deve ser pensado para facilitar o uso, atendendo às necessidades do usuário (UX, na sigla em inglês). E não se esqueça de conferir se a fintech contratada é registrada no Banco Central.
Conte com uma API flexível
Feita a escolha, o próximo passo é integrar o BaaS à API disponibilizada. Por isso, é importante contar com uma API flexível, para que só algumas linhas de código sejam suficientes para a implantação.
Seja como for, não só o BaaS, mas o “Anything as a Service” vem ganhando cada vez mais espaço no mercado ao redor do mundo. E você, certamente, não quer ficar por fora dessa tendência.
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