Toda empresa precisa ficar de olho no passivo circulante para analisar sua eficiência financeira.

Além de ser um dos principais componentes do balanço patrimonial, esse registro também ajuda a demonstrar a capacidade de operar sem dificuldades.

A verdade é que negócios que não gerenciam seu passivo circulante correm o risco de se verem obrigados a buscar crédito empresarial ou adotar outras medidas para não fecharem as portas.

Por outro lado, o acompanhamento das obrigações financeiras de curto prazo facilita a gestão financeira e ajuda a melhorar o fluxo de caixa.

Por isso, preparamos um artigo completo para explicar o que é passivo circulante e quais são os seus tipos.

Ao seguir a leitura, você também verá exemplos, como esse cálculo é realizado e dicas para um bom gerenciamento.

Passivo circulante reúne as obrigações financeiras que uma empresa precisa cumprir a curto prazo.

O que é passivo circulante?

Passivo circulante é o conjunto de todas as obrigações financeiras que uma empresa precisa cumprir a curto prazo — ou seja, dentro de um período de 12 meses.

Portanto, essa definição inclui contas a pagar, despesas que fazem parte da rotina do negócio e dívidas.

O passivo circulante é um dos componentes do balanço patrimonial, um relatório contábil elaborado para detalhar a situação financeira de uma companhia ao final de determinado período.

Nesse documento, são listados todos os ativos — ou seja, os bens e direitos do negócio, incluindo valores a receber e recursos que podem ser convertidos em dinheiro — e também os passivos — que são as obrigações financeiras.

A diferença entre o total de ativos e passivos é o patrimônio líquido.

A Lei 6.404/1976 determina que as empresas elaborem o balanço patrimonial ao final de cada ano contábil, com os dados daquele período.

Além do passivo circulante, o relatório tem outros componentes. Confira a diferença entre eles na sequência.

Qual a diferença entre passivo circulante e passivo não circulante?

A diferença entre o passivo circulante e o não circulante é o prazo de exigibilidade

Ou seja, o período em que o credor pode exigir o pagamento.

Quando o valor precisa necessariamente ser pago em até 12 meses, o passivo é considerado circulante.

Se for possível pagar em um prazo maior, o passivo é não circulante.

Qual a diferença entre passivo circulante e ativo circulante?

O passivo circulante corresponde a valores a pagar, enquanto o ativo circulante se refere a bens e direitos disponíveis na empresa.

Nesse caso, estamos falando sobre recursos como itens no estoque, dinheiro em caixa e aplicações de curto prazo.

Assim como o passivo, o ativo também é dividido entre circulante e não circulante.

Então, a diferença está na liquidez, ou seja, na capacidade de se converter o bem em dinheiro.

Se for possível fazer essa conversão em até 12 meses, o ativo é considerado circulante.

Caso contrário, é não circulante.

Tipos de passivo circulante

Existem dois tipos de passivo circulante, conforme a natureza das obrigações financeiras.

Conheça-os agora.

Passivo circulante financeiro

O passivo circulante financeiro é composto pelas contas relacionadas às movimentações feitas dentro da empresa.

Caso a companhia tenha feito um empréstimo de curto prazo, por exemplo, o pagamento das parcelas entra nessa classificação.

Passivo circulante operacional

Já o passivo circulante operacional é composto por obrigações financeiras relacionadas ao funcionamento do negócio, conforme sua atividade-fim.

Compras de itens para revenda ou matéria-prima e pagamento de salários entram nessa conta, por exemplo.

Exemplos de passivo circulante

No tópico acima, você já conferiu alguns exemplos de passivo circulante para ilustrar seus diferentes tipos.

Veja agora uma lista completa para facilitar o entendimento:

  • Contas a pagar, como aluguel, luz, água e outras despesas recorrentes
  • Salários de colaboradores, férias e 13º
  • Compra de produtos à venda
  • Compra de matéria-prima e insumos para produção
  • Pagamentos de impostos
  • Pagamentos de juros
  • Comissões a funcionários e parceiros
  • Dividendos declarados e a serem pagos a curto prazo
  • Parcelas de empréstimos que devem ser pagas a curto prazo.

Exemplos de passivo não circulante

Confira agora exemplos de passivo não circulante para que a diferença entre esses dois conceitos fique bem clara:

  • Parcelas de empréstimos a pagar a longo prazo
  • Parcelas de compras a prazo feitas em mais de 12 vezes
  • Debêntures, ou seja, títulos emitidos por sociedades anônimas para captar recursos
  • Aportes financeiros com prazo para quitação superior a 12 meses.

Qual o impacto do passivo circulante em uma empresa?

O passivo circulante é um importante indicativo da eficiência financeira de uma empresa, pois é uma das bases para o cálculo do Capital Circulante Líquido (CCL).

Esse índice serve para medir a capacidade do negócio em gerenciar os custos a curto prazo.

O CCL é calculado subtraindo o passivo circulante do ativo circulante.

Se esse resultado for um número negativo, quer dizer que a empresa não está conseguindo se manter com o resultado direto de sua operação.

O passivo circulante precisa ser acompanhado para evitar um cenário em que a organização precisa se desfazer de seus bens de menor liquidez (ou seja, o ativo não circulante) ou contratar crédito para poder operar.

Além disso, o passivo circulante deve ser informado no balanço patrimonial e declaração do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ).

Dúvidas comuns sobre o passivo circulante

Caso você tenha alguma dúvida sobre passivo circulante, confira respostas para às principais perguntas frequentes sobre o tema:

  • Fornecedores são passivos circulantes ou não circulantes? 

Pagamentos a fornecedores são considerados passivos circulantes, a menos que a empresa negocie um prazo maior que 12 meses.

  • Salários a pagar são passivos circulantes ou não circulantes? 

A remuneração dos colaboradores é passivo circulante.

  • Capital social é passivo circulante ou não circulante?

Capital social não é um passivo, mas parte do patrimônio líquido da empresa. 

Representa a contribuição dos sócios ou acionistas para a empresa, e não uma obrigação a pagar.

  • Duplicatas descontadas são passivos circulantes? 

Depende. Se o prazo para quitação for menor que 12 meses, são passivos circulantes. Se for maior, são não circulantes.

  • Exigível a longo prazo é passivo não circulante? 

Sim, pois só é circulante o passivo exigível a curto prazo, de até 12 meses.

  • Contas a pagar são passivos circulantes ou não circulantes?

Geralmente são passivos circulantes, mas podem ser não circulantes caso tenham prazo superior a 12 meses.

  • Empréstimo é passivo circulante ou não circulante? 

Depende da data de vencimento. 

Valores a pagar por empréstimos são passivos circulantes se o prazo expirar em até 12 meses. Caso contrário, são não circulantes.

  • Financiamento é passivo circulante ou não circulante? 

Assim como o empréstimo, o financiamento só é passivo circulante se o prazo vencer em até um ano.

  • Duplicatas descontadas são passivos circulantes ou não circulantes?

Depende do prazo. 

Se os valores precisarem ser compensados em 12 meses ou menos, são circulantes. Se o período for maior, são não circulantes.

  • Imposto a recolher é passivo circulante? 

Sim, o imposto a recolher deve ser pago dentro do mesmo exercício fiscal, portanto é um passivo circulante.

  • Adiantamento de clientes passivo circulante? 

Sim, o adiantamento de clientes representa a obrigação da empresa em fornecer o produto ou serviço contratado, portanto trata-se de um passivo circulante.

Como calcular o passivo circulante?

Para calcular o passivo circulante, é necessário somar todas as obrigações financeiras que precisam ser liquidadas em até um ano.

Dependendo do porte da empresa, essa listagem pode ficar bem extensa, portanto, o ideal é realizar uma classificação por categorias.

Por exemplo: crie uma lista apenas com valores referentes a remunerações a parceiros e colaboradores, outra para a compra de insumos e matérias-primas, e assim por diante.

Junto com a natureza da despesa, inclua também a data de vencimento, para conferir se aquele valor é de fato um passivo circulante.

Se o vencimento for superior a um ano, retire da lista e reclassifique a obrigação como um passivo não circulante.

Depois que você tiver os valores totais de cada lista, você poderá somar os resultados entre si para chegar ao passivo circulante da empresa.

Veja este exemplo de soma do passivo circulante total de uma empresa:

  • Contas a pagar: R$ 10 mil
  • Compra de materiais: R$ 20 mil
  • Remuneração a colaboradores: R$ 50 mil
  • Impostos: R$ 10 mil
  • Parcelas de empréstimos: R$ 7 mil
  • Dividendos: R$ 5 mil.

Cada valor disposto acima corresponde à soma de todas as obrigações financeiras previstas dentro de cada categoria.

Somando os valores, chegamos a um passivo circulante de R$ 102 mil.

Conforme já observamos, esse valor precisa ser menor que o total de ativos circulantes para que a empresa tenha saúde financeira.

Por isso, no próximo tópico vamos dar algumas dicas para manter as finanças sob controle.

Como administrar o passivo circulante?

Administrar o passivo circulante é essencial para evitar que a empresa opere com dificuldades financeiras a curto prazo.

Veja o que fazer para manter esse controle:

  • Planeje suas finanças: o planejamento financeiro é essencial para prever as necessidades e identificar eventuais riscos e oportunidades, o que ajuda a reduzir o passivo circulante na comparação com o ativo circulante
  • Elabore um orçamento detalhado: é preciso prever todas as despesas de curto prazo para controlar o passivo circulante da empresa
  • Acompanhe seu fluxo de caixa: registre diariamente todas as entradas (as receitas do negócio) e as saídas (os gastos) para evitar surpresas na gestão financeira
  • Liste seu passivo circulante constantemente: não espere pelo momento de elaborar o balanço patrimonial para começar a detalhar suas obrigações financeiras a curto prazo
  • Negocie prazos: convença fornecedores e credores a aceitarem receber pagamentos em prazos mais extensos, para que parte desse valor devido se torne passivo não circulante, mas cuide para não aumentar o custo financeiro devido a juros maiores
  • Evite atrasos: ao fazer um pagamento após a data de vencimento, você precisa arcar com juros e multas, que acabam elevando o passivo circulante da empresa, portanto se organize para quitar seus débitos em dia.

Continue lendo para conhecer iniciativas que podem ajudar a implementar essas dicas.

Ferramentas e técnicas para otimizar a gestão do passivo circulante

Uma empresa bem estruturada conta com vários recursos que ajudam a gerenciar o passivo circulante.

Entre as técnicas adotadas com essa finalidade, estão:

  • Projeção de fluxo de caixa: é uma estimativa das entradas e saídas do negócio com base no saldo disponível, em dados históricos e em lançamentos futuros para preparar o negócio para eventuais cenários de baixa liquidez
  • Índice de liquidez corrente: é o monitoramento da capacidade da empresa de cumprir suas obrigações financeiras a curto prazo
  • Ciclo de Conversão de Caixa (CCC): é o acompanhamento do tempo entre o pagamento aos fornecedores e a entrada das receitas com as vendas.

Veja algumas ferramentas usadas na gestão do passivo circulante:

  • ERP: sigla em inglês para Planejamento de Recursos Empresariais, um software que integra a gestão de todos os aspectos da empresa, fornecendo uma visão completa e automatizando várias tarefas
  • Softwares de gestão financeira: contam com recursos de automatização das principais rotinas de um setor financeiro, como registro de receitas e despesas, apuração contábil, controle de estoque e emissão de notas fiscais, entre outras tarefas
  • Sistemas de gestão de inventário: usados para acompanhar a movimentação de itens no estoque de uma organização, ajudando a empresa a otimizar o abastecimento e melhorar o fluxo de caixa
  • Plataforma de pagamentos: processam transações com agilidade, melhorando o fluxo de caixa, e diversificam as formas de pagamento para combater a inadimplência.

Mesmo com todos esses recursos, é preciso tomar cuidado com algumas armadilhas que podem aparecer em meio à gestão financeira.

Erros comuns na gestão do passivo circulante e como evitá-los

Alguns gestores podem cometer erros ao gerenciar o passivo circulante de uma empresa.

Um dos mais comuns é deixar de acompanhar as datas de vencimento de todas as obrigações da empresa.

Assim, alguns pagamentos acabam em atraso, gerando juros e multas desnecessários.

Para evitar esse erro, o ideal é contar com um software que emita alertas automáticos.

Diversos ERPs e sistemas de gestão financeira contam com essa funcionalidade.

Além disso, alguns gestores podem errar na prioridade dos compromissos financeiros.

O atraso nos pagamentos de salários e de impostos, por exemplo, podem causar mais complicações do que algumas contas negociáveis.

Por isso, é importante contar com um sistema que organize o passivo em ordem de prioridade para a empresa.

Mesmo tomando todos os cuidados possíveis, ainda assim é possível enfrentar dificuldades financeiras.

Por isso, outro erro comum é a falta da elaboração de planos de contingência para esse tipo de situação.

É importante que o departamento financeiro de uma empresa se reúna para definir as medidas a serem tomadas para contornar imprevistos.

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