A educação financeira é capaz de trazer prosperidade às pessoas, lucro às empresas e desenvolvimento econômico ao país.
Se todos recebessem orientações, no mínimo, gerais sobre gestão financeira, teríamos níveis de endividamento muito menores e muito mais pessoas que poupam e investem seu dinheiro para o futuro.
Além disso, as empresas teriam mais saúde financeira e condições de manter sua competitividade graças a uma gestão estratégica das finanças.
Neste artigo, vamos entender a importância da educação financeira para pessoas, empresas e toda a sociedade. Leia com atenção e veja como a educação financeira pode transformar sua vida e seu negócio.
O que é educação financeira?
Educação financeira é o campo do conhecimento que trata da gestão consciente do dinheiro, com o objetivo de orientar pessoas e empresas a cuidarem bem de suas finanças.
Suas disciplinas incluem o aprendizado sobre o sistema financeiro e seus produtos, mercado de crédito, mercado financeiro, economia doméstica, controle do orçamento pessoal e empresarial, planejamento de aposentadoria, etc.
Uma pessoa bem educada financeiramente deve ser capaz de fazer escolhas racionais sobre seu dinheiro, gastar menos do que ganha e poupar/investir para atingir seus objetivos em curto, médio e longo prazo.
Além disso, deve conhecer todas as ferramentas que as instituições financeiras oferecem, entender sobre risco, liquidez e rentabilidade, ser capaz de controlar suas dívidas, entre outras competências.
No caso dos empreendedores, a educação financeira é um requisito para gerenciar o capital do negócio e obter lucro.
Quanto mais cedo uma pessoa recebe esse tipo de instrução, maiores as chances de desenvolver uma relação saudável com o dinheiro e alcançar a prosperidade no futuro.
Qual a importância da educação financeira?
A educação financeira pode transformar vidas, empresas e nações inteiras.
Veja por que ela é tão importante em cada esfera da vida.
Para você
A educação financeira é o caminho para ter uma boa gestão do orçamento pessoal, construir patrimônio e alcançar os mais diversos objetivos na vida.
Com as orientações corretas, você aprende a gastar menos do que ganha, poupar, investir e gerenciar seu dinheiro de forma inteligente, pensando sempre no futuro.
Segundo uma pesquisa da CNDL e SPC Brasil publicada no UOL, 48% dos brasileiros não controlam as próprias finanças.
Dos que controlam, a maior parte (39%) anotam os gastos enquanto ocorrem e apenas 33% planejam o mês com antecedência.
Além disso, uma pesquisa da Anbima mostrou que 58% dos brasileiros não fazem nenhum tipo de aplicação financeira.
E, para completar, o país tem mais de 62 milhões de endividados, segundo um relatório do Serasa publicado na Agência Brasil.
Essas estatísticas mostram que os brasileiros ainda têm um longo caminho a percorrer para desenvolver um relacionamento mais saudável com o dinheiro.
Logo, quem investe em educação financeira sai na frente na gestão do orçamento e consegue se planejar melhor para atingir suas metas, seja a compra de bens, independência financeira ou aumento do patrimônio.
Para as empresas
As empresas também só têm a ganhar com a educação financeira.
Para começar, o próprio empreendedor precisa ter uma boa noção de finanças para gerenciar os recursos do negócio e alcançar a margem de lucro proposta.
Sem o conhecimento adequado sobre gestão financeira, os riscos de endividamento e falência são grandes, da mesma forma que na vida pessoal.
Prova disso é que uma das maiores causas da mortalidade empresarial no Brasil é justamente a falta de planejamento financeiro, segundo o estudo “Causa Mortis: o sucesso e o fracasso das empresas nos primeiros 5 anos de vida” feito pelo Sebrae.
Para iniciar um negócio, todo gestor deve entender conceitos como capital de giro, lucratividade e rentabilidade, ponto de equilíbrio e outras métricas que indicam a saúde financeira da empresa.
Além disso, as empresas se beneficiam de clientes com um nível superior de educação financeira, já que isso significa uma redução na inadimplência.
Veja no vídeo abaixo como a educação financeira ajudou a apresentadora e empreendedora Ana Paula Xongani a entrar no mundo do empreendedorismo:
Para o país
A educação financeira é uma das bases para o desenvolvimento econômico de um país.
Quando a população tem um bom nível de conhecimento em finanças, as empresas prosperam e as famílias conseguem construir patrimônio e investir para o futuro.
Do contrário, os níveis de endividamento disparam, o consumo cai e a economia perde força.
Infelizmente, o Brasil está em 74º lugar em um ranking global de educação financeira da Standard & Poor’s que reúne 140 países, conforme dados publicados no G1.
O estudo revela que apenas 35% dos brasileiros conseguem responder com propriedade a perguntas básicas sobre serviços financeiros, crédito, investimentos e outros assuntos relacionados às finanças.
O resultado indica um alto índice do chamado analfabetismo financeiro, que atinge a maioria da população.
Uma das iniciativas para mudar essa realidade no Brasil foi a inclusão da disciplina de educação financeira na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) em 2019.
Com isso, é esperado que as próximas gerações tenham uma base de gestão financeira e aprendam a importância de economizar, poupar e investir.
Essa mudança será decisiva para o avanço econômico, aumento da oferta de crédito, aumento na competitividade das empresas e vários outros fatores que impulsionam o crescimento de um país.
Qual a relação entre educação financeira e empreendedorismo?
Educação financeira tem tudo a ver com empreendedorismo, pois quem está à frente de um negócio próprio precisa entender muito bem de finanças.
Como vimos, o relatório do Sebrae identificou a falta de planejamento financeiro como uma das principais causas da falência empresarial.
O estudo aponta que quase metade dos empreendedores que fecharam as portas em até 5 anos não sabiam qual era o capital de giro necessário para abrir o negócio, enquanto um terço sequer calculou o investimento inicial.
Esses dados preocupam, principalmente em um país com altos níveis de empreendedorismo como o Brasil.
De acordo com a pesquisa GEM (Global Entrepreneurship Monitor) 2020/2021, a taxa de empreendedorismo do Brasil está em 31,6% – o menor patamar dos últimos 8 anos, devido aos efeitos da pandemia do coronavírus.
Mesmo assim, é um número considerável, pois indica que quase um terço da população está envolvida com seu próprio negócio.
No entanto, é importante observar que o empreendedorismo por necessidade tem crescido em meio à crise (50,4% dos empresários), o que muitas vezes implica em empreendedores menos preparados para lidar com os desafios financeiros.
Nesse cenário, a educação financeira tem um papel fundamental na capacitação dos empreendedores para alcançar resultados e manter o caixa da empresa no azul.
9 dicas de educação financeira para empreendedores
A educação financeira do empreendedor é um dos pilares do sucesso de qualquer negócio.
Veja algumas dicas para se sair bem nessa disciplina.
1. Separe a conta pessoal da conta da empresa
Uma das primeiras medidas que o empreendedor deve tomar em relação às finanças é separar a conta empresarial da conta pessoal.
Isso porque um dos erros mais comuns na gestão é tratar a conta da empresa como uma extensão da sua própria.
Quando o empresário encara as finanças dessa maneira, ele acaba fazendo diversas retiradas para despesas pessoais que prejudicam o fluxo de caixa da empresa.
O contrário também pode acontecer: o empreendedor aplica todo seu dinheiro na empresa e não segue a regra básica da diversificação para reduzir riscos de investimentos.
Então, a forma mais segura de fazer a gestão financeira é não misturar as contas e ter um controle de orçamento totalmente à parte para a empresa e para as finanças pessoais.
2. Acompanhe o fluxo de caixa
Acompanhar o fluxo de caixa é uma das primeiras lições de educação financeira do empreendedor.
Basicamente, você deve monitorar todas as entradas e saídas do seu caixa, analisando receitas, custos e despesas.
Cada empresa tem um ciclo financeiro diferente de acordo com as datas de pagamentos e recebimentos, e sua tarefa é entender se o saldo final dessas movimentações é positivo ou negativo.
3. Calcule seu capital de giro
O capital de giro é a reserva financeira que mantém a empresa funcionando, principalmente nos intervalos entre pagamentos e recebimentos.
Por isso, todo gestor deve calcular qual o capital necessário de acordo com as demandas, de modo que sempre haja dinheiro disponível para pagar as contas e cumprir as obrigações do negócio.
O ideal é possuir capital próprio para manter essa reserva e evitar empréstimos para essa finalidade, já que os juros encarecem a operação.
4. Faça o planejamento financeiro
Mais do que acompanhar o caixa no dia a dia, é preciso fazer o planejamento financeiro da empresa com antecedência.
Isso significa fazer projeções de receitas e custos para os próximos meses com frequência, e também um planejamento anual com os objetivos financeiros da empresa.
Outro ponto importante é o plano de investimentos, já que é preciso contratar pessoas, comprar equipamentos e expandir as operações para ter um retorno maior com as atividades do negócio.
Com base nesses dados, você consegue definir o orçamento da empresa previamente e se preparar para os mais diversos cenários econômicos.
5. Acompanhe KPIs financeiros
Os KPIs financeiros são indicadores-chave de desempenho que permitem acompanhar a saúde financeira da empresa e sua evolução.
Veja alguns indicadores que não podem faltar na sua gestão financeira:
- Geração de caixa: indica quanto a empresa está conseguindo gerar em receita a partir de suas atividades
- Liquidez: mostra o total de recursos disponíveis para pagamento de obrigações em curto prazo
- Lucratividade: revela a capacidade de geração de lucro da empresa com base na relação entre lucro líquido e receita bruta
- Rentabilidade: revela o retorno que a empresa é capaz de gerar a partir do dinheiro investido nela
- Ponto de equilíbrio: ponto em que as receitas da empresa se igualam às despesas, indicando que o negócio vai começar a dar lucro em breve.
6. Mapeie seus custos
Os custos são um elemento central da educação financeira para empreendedores.
Para manter um negócio, é preciso arcar com despesas fixas (aluguel, salários, serviços, etc.) e variáveis (impostos, comissões, contas de consumo) diversas, que impactam diretamente os lucros.
Por isso, você precisa mapear em detalhes todos os gastos da empresa, calcular centros de custo e entender onde é possível economizar e onde vale mais a pena investir.
Lembrando que não adianta ter ótimos resultados de vendas e faturar bem se os custos estiverem altos demais.
7. Controle as contas a pagar e a receber
Outro tópico essencial da educação financeira é a gestão das contas a pagar e a receber.
Todo empreendedor precisa ter um bom plano de contas e buscar a conciliação entre as datas de pagamento dos fornecedores e recebimento do dinheiro das vendas, de modo que a necessidade de capital de giro seja menor e a empresa tenha mais fôlego no caixa.
Além disso, é prioritário controlar os recebíveis e acompanhar de perto o índice de inadimplência do negócio.
8. Acompanhe relatórios e demonstrativos
No dia a dia da empresa, existem vários relatórios e demonstrativos produzidos pela contabilidade e pelo financeiro que podem guiar a tomada de decisão do empreendedor.
Um dos principais é o DRE (Demonstrativo de Resultado do Exercício), que traz um resumo das receitas e despesas, além de mostrar se o negócio teve lucro ou prejuízo no período.
Também é importante analisar o balanço patrimonial, os balancetes, os relatórios de fluxo de caixa de vários períodos, relatórios de contas a pagar e a receber, entre outros documentos.
9. Invista em um bom processo de cobrança
Cobrar o cliente faz parte da gestão financeira, e deve ser feito da forma mais profissional possível.
O objetivo é ter um processo de cobrança ágil e eficiente, capaz de garantir pagamentos em dia para a empresa e combater a inadimplência.
Nesse caso, o papel do gestor é criar um processo estruturado e, de preferência, automatizado com o apoio de ferramentas digitais.
Confira algumas outras dicas de educação financeira para empreendedores neste vídeo do Primo Rico (Thiago Nigro) para o Sebrae:
Como incentivar a educação financeira?
Todos podem fazer sua parte para incentivar a educação financeira em casa, na empresa e na sociedade em geral.
Na vida pessoal, a dica é ter um orçamento doméstico muito bem organizado e envolver toda a família na gestão de ganhos e gastos, de modo que todos contribuam com a prosperidade.
Na empresa, é possível oferecer cursos e treinamentos de educação financeira para os colaboradores, além de incorporar os princípios de gestão das finanças à cultura organizacional.
E se você quiser ir além, é possível se envolver ou criar seu próprio projeto de educação financeira para a comunidade, como forma de contribuir para o futuro do país.
Ouça algumas dicas da Nath Finanças para incentivar a educação financeira para crianças neste episódio do Podcast Boletos Pagos:
Onde aprender mais sobre educação financeira
Há vários caminhos para aprender mais sobre educação financeira e adotar as melhores práticas na sua vida e na sua empresa.
O Sebrae, por exemplo, oferece um curso de gestão financeira para pequenos empreendedores 100% online e gratuito, e outro dedicado especificamente à gestão das finanças de empresas.
Outro curso gratuito interessante é o de Administração Financeira oferecido pelo Insper na plataforma Coursera.
Para quem quer aprender sobre investimentos, a bolsa de valores oferece muito conteúdo de qualidade no portal educacional B3 Educação.
Veja aqui mais dicas de cursos de gestão financeira para a sua empresa.
Se você quer se aprofundar no assunto, também pode buscar livros como Educação Financeira (EdiPUCRS, 2017), de Alfredo Meneghetti, e Guia Prático da Educação Financeira (CreateSpace, 2018), de Adelaide Miranda.
Deu para entender a importância da educação financeira?
Aproveite e assine a newsletter da Vindi, com dicas preciosas para te ajudar a empreender e para escalar o seu negócio!