O panorama das transações bancárias e do comportamento do consumidor foi o tema da Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2023.
Participaram do levantamento 18 instituições, que respondem por 86% dos ativos bancários do país.
A pesquisa apresentou dados consolidados de 2022, em comparação com anos anteriores, para mostrar o impacto do avanço dos meios de pagamento no comportamento dos usuários.
A partir de agora, confira os principais dados da pesquisa e o que eles mostram sobre as transações bancárias no país.
No Brasil, 80% das transações bancárias são digitais
A pesquisa apontou que aproximadamente 80% das transações bancárias realizadas no país em 2022 foram digitais.
Ou seja, foram feitas via mobile banking, internet banking ou WhatsApp.
Outros 15% de transações foram feitas por maquininhas de cartão POS no comércio.
Os menos de 10% restantes foram realizados por outros canais físicos (agências, terminais de autoatendimento, centrais de atendimento e correspondentes como lotéricas, farmácias e supermercados).
No geral, foram registradas 163,3 bilhões de transações, 30% a mais do que em 2021.
Além da alta nas operações digitais, o levantamento aponta que a preferência dos consumidores pelos canais físicos vem caindo ano a ano e os via POS se mantêm.
Volume e crescimento das transações por canal
A pesquisa detalhou quantas transações foram feitas por cada um dos principais canais e o quanto elas aumentaram e diminuíram em 2022 em relação ao ano anterior.
Confira os dados:
- Mobile banking: com 107 bilhões de transações (66% do total), o celular vem se firmando como o principal meio usado no país, subindo 54% em relação a 2021
- POS: as maquininhas responderam por 24,6 bilhões de transações, 10% a mais que no ano anterior
- Internet banking: com 17,8 bilhões, as transações pelas páginas dos bancos se mantiveram estáveis, com alta de 2%
- ATM: os caixas eletrônicos somaram 5,4 bilhões de operações, 27% a menos do que em 2021
- WhatsApp: embora ainda inexpressivo, com 56,2 milhões de transações, o uso da plataforma teve um aumento de 531% em relação a 2021. Vamos falar mais sobre esse resultado no próximo tópico.
O crescimento das transações via WhatsApp
Metade dos bancos pesquisados usam o WhatsApp para realizar transações.
O recurso é visto pela pesquisa como uma estratégia para se aproximar dos clientes e ampliar a oferta de serviços bancários.
Das 56,2 milhões de transações feitas pelo aplicativo de mensagens, cerca de dois terços são correspondentes a movimentações financeiras e o restante, a consultas.
Veja a divisão completa:
- 37%: transações de Pix com movimentação financeira
- 29%: renegociações de dívidas
- 24%: consulta de saldo e extrato
- 10%: consulta de cartão de crédito.
A proporção em relação ao total de transações ainda é pequena, porém o aumento expressivo do uso da plataforma pode indicar uma tendência para o futuro.
Internet banking ainda é mais relevante em empresas
A pesquisa aponta que o uso do internet banking caiu 20% entre pessoas físicas, passando de 6 bilhões para 4,8 bilhões de transações.
Por outro lado, o mobile banking entre pessoas físicas subiu 55%, alcançando o total de 94,2 bilhões.
Já entre empresas, o resultado foi de alta nos dois canais: 47% no mobile (12,9 bilhões) e 43% (13 bilhões).
O resultado pode ser explicado pela resistência de algumas pessoas jurídicas em modernizar formas de pagamento.
Afinal, a mudança pode ser cara e trabalhosa em grandes empresas, que têm processos de cobrança mais complexos.
Entretanto, a Febraban aponta um crescimento no mobile para os próximos anos a partir da melhora da experiência de clientes PJ em dispositivos móveis.
Crescimento sustentável do Pix
O aumento no número de usuários do Pix manteve em 2022 o alto ritmo que já vinha sendo observado desde a sua criação.
Entre os clientes das 18 instituições participantes, o número de usuários chegou a 88,7 milhões.
O aumento foi de 24% em relação aos 71,8 milhões observados em 2021, embora a Febraban faça a ressalva de que, no ano anterior, apenas nove bancos responderam sobre o recurso.
Além do número de usuários, o relatório aponta um crescimento de 131% no número de clientes que fizeram mais de 30 transações pelo Pix, que chegou a 46,1 milhões.
Além disso, o total de usuários que receberam valores pelo método instantâneo na mesma quantidade de vezes aumentou 106%, chegando a 33,1 milhões.
Portanto, esses dados apontam que mesmo já estando consolidado no mercado como um dos principais métodos de pagamento do país, o Pix segue em um ritmo de crescimento sustentável.
As pessoas físicas são as principais responsáveis por essa tendência, pois têm aderido em massa ao método por sua praticidade.
Já entre empresas, o ritmo é mais longo, justamente devido à necessidade de mudanças em seus sistemas.
Porém, a Febraban estima que o comportamento dos consumidores vai acabar levando cada vez mais negócios a aderirem ao método, o que pode dar sequência ao ritmo de alta.
Open Finance: qual o cenário atual?
A adesão ao Open Finance teve uma elevação de 971%.
O número de usuários que consentiram com o compartilhamento de seus dados bancários com outras instituições passou de 612 mil para mais de 6,5 milhões.
Entre pessoas físicas, a quantidade de consentimento para o recebimento de dados passou de 1,7 milhões para 12,3 milhões, em um crescimento de 606%.
Para doação de dados, o aumento foi superior a 1.000%: de 770 mil para 9,5 milhões.
Já entre pessoas jurídicas, os consentimentos subiram de 8 mil para 65 mil para recebimento e de 5 mil para 59 mil para doação de dados.
Entre os 15 bancos que participaram dessa parte da pesquisa, 80% responderam que até 10% de sua base de clientes já aceitaram compartilhar seus dados.
Os outros 20% relataram uma adesão entre 11% e 20%.
A expectativa das instituições para 2023 é a seguinte:
- 53% dos bancos estimam adesão de até 10% de sua base de clientes
- 27% esperam ter entre 11% e 20% dos clientes concedendo acesso
- 20% estimam que mais de 20% da sua base vai doar seus dados.