Quando você ouve falar em identidade digital, acha que se trata de uma nova versão do popular RG?
De certa forma está correto pensar assim, mas… ao mesmo tempo, o conceito de “identidade digital” é muito mais do que isso: ela representa uma revolução na nossa identificação virtual e abrange uma série de atividades realizadas na internet.
Neste conteúdo, vamos falar também sobre o RG digital, mas sobretudo explicar a diferença para o que vem por aí na identidade digital.
Você vai saber também como vai funcionar o Documento Nacional de Identificação (DNI) e o que muda na sua vida com isso.
Então, siga a leitura para não ficar de fora!
O que é identidade digital?
Identidade digital é um conceito que envolve toda a atividade de um indivíduo na internet, criando uma representação única de cada pessoa. Isso vai além de registros históricos como números de documentos e informações cadastrais (como e-mail e senha, por exemplo).
Pode se relacionar até mesmo com geolocalização, histórico de buscas, dados biométricos e de uso de determinado aparelho (como smartphones).
Cada atividade que uma pessoa realiza na internet deixa rastros.
Então, quando pensamos no conceito de identidade digital, a ideia é que essas “pegadas” sejam reunidas de uma maneira segura e relevante para auxiliar no momento de validações, gestão financeira, transações financeiras, aberturas de novas contas – dentre outros.
Tudo isso, claro, com alto padrão de segurança e respeitando a privacidade de cada indivíduo.
“Então, não tem nada a ver com a ideia de um RG digital?”, você pode se perguntar.
Como a gente destacou lá no início do texto, em parte, tem sim. E para você entender melhor, precisamos explicar o que é DNI.
E o que é CIN, a nova identificação digital?
CIN é a Carteira de Identidade Nacional, um documento impresso e também virtual que tem como objetivo permitir que todos os brasileiros possam ter em um aplicativo de smartphone a comprovação de sua identificação com seus principais registros.
Com essa versão digital, não é preciso carregar todos os documentos para comprovar sua identificação, seja realizar um cadastro ou ingressar em um local restrito, por exemplo.
Portanto, esse app tem mais dados que o RG.
Aliás, a CIN foi pensada justamente para substituir o RG, já que utiliza o CPF como número único de identificação.
Ela começou a ser emitida
Segundo o Serviço Federal de Processamento de Dados, no início de janeiro, já eram 24 unidades da federação emitindo a nova identidade digital.
O órgão adota diversas tecnologias de segurança para garantir a autenticidade das informações, sincronizar e proteger dados.
Quais documentos fazem parte da CIN?
A nova Carteira de Identidade Nacional não apenas substitui o antigo Registro Geral, como também passa a adotar o número do CPF como padrão de identificação no país.
Assim, o RG deixa de existir (mas esse é um processo gradual, já que sua validade se estende até 28 de fevereiro de 2032).
Estes são os documentos que passam a ser representados pelo CPF na nova CIN:
- RG (identidade)
- CPF
- Título de Eleitor
- Carteira Nacional de Habilitação (CNH)
- Número NIS/PIS/Pasep
- Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS)
- Carteira Nacional de Saúde
- Certidão de nascimento
- Certidão de casamento
- Certidão de óbito
- Documento Nacional de Identificação (DNI)
- Número de Identificação do Trabalhador (NIT)
- Certificado Militar
- Identidade profissional (expedida por órgãos de classe como OAB para advogados e CRM para médicos).
Por meio do vínculo com a plataforma gov.br, o documento possibilitará o acesso remoto a serviços que atualmente exigem o comparecimento a órgãos públicos como INSS e Receita Federal.
Benefícios da identidade digital
O assunto identidade digital ainda é muito recente no Brasil e, por isso, levanta diversas dúvidas.
Mas também já há algumas certezas, como os muitos benefícios esperados – o que também vale para a implementação da CIN em nosso país.
Veja alguns exemplos:
- Segurança: com tecnologia de validação biométrica e biográfica, a identidade digital é à prova de fraude, dando mais tranquilidade inclusive se o celular do titular da conta estragar, for roubado ou perdido
- Desburocratização: é possível acessar serviços e se identificar de forma remota, reduzindo o número de entraves burocráticos nas mais diversas situações
- Praticidade: a CIN torna desnecessário andar com documento físicos, evitando transtornos a um motorista que esteja sem sua CNH, por exemplo
- Integração: a nova tecnologia ajudar a integrar mais os sistemas estaduais, hoje responsáveis pela emissão do RG de seus cidadãos
- Modernização: o sistema de identificação ajuda as administrações públicas locais a trabalharem de forma mais ágil, principalmente os órgãos de segurança pública
- Sustentabilidade: a emissão da CIN segue a tendência da digitalização de documentos, que ajuda a evitar o consumo desnecessário de matérias-primas como o papel
- Economia: não é mais necessário andar sempre com os documentos físicos, o que reduz as chances de precisar gastar dinheiro com a emissão da segunda via de algum documento perdido, furtado ou inutilizado.
Identidade digital e LGPD
No Brasil, a implementação de iniciativas como a identidade digital precisa atender a pontos da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
E, para entendermos essa relação, cabe mencionar um conceito que não depende de entidades governamentais.
Até aqui, nós falamos bastante sobre a CIN, que podemos considerar uma identidade digital oficial.
Mas, no meio empresarial, identidade digital é como se chama o conjunto de informações sobre uma pessoa que podem ser usados por empresas, como estratégias de mercado.
Devido ao avanço desse tipo de prática, a LGPD foi implementada no Brasil em 2018.
Seu objetivo é garantir que os clientes estejam cientes da utilização de seus dados, que podem ser:
- Pessoais: dados de identificação, localização pelo GPS, endereço do IP e cookies
- Sensíveis: informações pessoais como cor, raça, sexualidade, religião, preferência política, filiação a alguma entidade, dados genéticos ou biométricos
- Públicos: qualquer dado com autorização do titular para ser publicizado
- Anonimizados: passam pela remoção ou modificação de informações.
A CIN usa blockchain para sincronizar dados com a Receita Federal, então, tem acesso a informações sensíveis da população.
Portanto, para se adequar aos moldes da LGPD, a identidade digital precisa manter todas essas informações seguras.
Como a identidade digital pode revolucionar o mundo como conhecemos
Pelo que vimos até aqui, então, a identidade digital é um conceito mais amplo do que um documento de existência eletrônica.
E algo assim não chega às nossas vidas sem provocar uma verdadeira revolução.
A expectativa é que situações comuns no dia a dia sejam bastante alteradas. Vamos entender melhor com os exemplos abaixo.
Compras online mais seguras
Compras por sistemas de delivery são uma realidade antiga, mas a internet facilitou e popularizou bastante esse processo.
Quando veio a pandemia, já existiam plataformas de pagamentos capazes de dar mais segurança na hora do pagamento.
Porém, ainda sem apresentar uma maneira de comprovar a identidade do comprador.
Isso muda com o novo conceito de identidade digital, que pode realizar essa comprovação a distância, tornando o e-commerce e serviços de delivery mais seguros.
Menos fraudes
Além de facilitar a vida do cidadão, a identidade digital deve agrupar todas as informações e movimentações online sobre uma pessoa.
Isso reduz a praticamente zero os chamados casos de duplicidade, em que uma pessoa possui mais de um RG e CPF e usa esses dados para fraudes em empréstimos e compras a prazo.
Por outro lado, também ajudará a evitar que uma pessoa inocente seja presa por homonímia (ou seja, por ter o mesmo nome de um criminoso).
Como a identidade digital pode facilitar o acesso a serviços financeiros
O mesmo que falamos antes sobre compras online vale para atividades com transações financeiras na internet, como abertura de contas e transferência de dinheiro.
A identidade digital pode revolucionar o acesso a serviços financeiros ao permitir a validação de identidade e gestão financeira de maneira segura e eficiente na internet.
Combinando dados biométricos, geolocalização e histórico de uso, ela proporciona uma forma única e segura de identificação para realizar variadas transações.
Isso simplifica processos, aumenta a segurança contra fraudes e melhora a experiência do usuário, facilitando o acesso a serviços financeiros digitais sem a necessidade de documentos físicos.
O papel da identidade digital na redução do sub-bancarizado
A identidade digital torna os serviços financeiros mais acessíveis e inclusivos.
Por meio da identificação digital segura, aqueles que antes enfrentavam obstáculos para entrar no sistema financeiro tradicional, devido à falta de documentação ou acesso físico a instituições bancárias, agora podem facilmente abrir contas online e acessar uma gama de serviços financeiros.
Isso não apenas promove a inclusão financeira, mas também estimula a participação econômica mais ampla.
Afinal, permite que mais pessoas tenham acesso a crédito, poupança e investimentos, contribuindo para a redução da desigualdade econômica e do número de indivíduos sub-bancarizados.
A ID digital no mundo já começou
O conceito de identidade digital, que é mais amplo do que a CIN brasileira, não é apenas uma perspectiva futura, mas uma realidade.
Abaixo, vamos ver alguns exemplos de iniciativas pelo mundo que comprovam isso.
Aproveite também para conferir no vídeo a palestra de Nuno Lopes Alves, presidente da VISA no Brasil, que abriu a edição de 2023 do Innovation Pay.
Ele cita que as ações em andamento têm potencial de acelerar o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em até 13% conforme a ID digital evolui. “São mais de 40 países trabalhando em iniciativas de identidade digital”, afirma.
Entre elas, a carteira de motorista que é carregada no Apple Pay no estado do Arizona, nos EUA. Ou na Coreia, em que a biometria de um usuário basta para o embarque em um avião.
Para assistir a palestra completa, dê o play no vídeo abaixo:
Estônia, o país mais digitalizado do mundo
Na Estônia, um pequeno país do Leste Europeu entre a Rússia e o Oceano Báltico, o sucesso de um projeto nos mesmos moldes da nossa CIN já levou a nação a um nível mais avançado de desenvolvimento.
Lá, é possível ter acesso a mais de 500 serviços públicos de forma remota, justamente graças à vantagem de comprovar a identificação via internet.
Um bom exemplo disso são as eleições: os estonianos podem votar sem sair de casa.
Tudo isso é possível graças ao sistema de identificação que agrupa todas as informações relevantes de cada cidadão.
Um dos motivos de todo esse sucesso é a transparência desse modelo. Cada cidadão pode facilmente conferir todos os órgãos públicos e até empresas privadas que tiverem acessado suas informações pessoais.
Além disso, a Estônia investiu na modernização do seu sistema educacional, com o ensino de novas tecnologias desde os primeiros anos.
Sem contar que o projeto da identidade digital da Estônia vem da década de 2000, quando a internet começava a fazer parte das nossas vidas.
Portanto, teve décadas de desenvolvimento até chegar ao nível atual.
Noruega: a revolução já chegou aos bancos
Na Noruega, a identidade digital é utilizada através do BankID, um sistema seguro de identificação eletrônica e assinatura digital.
O BankID é adotado por bancos noruegueses, autoridades públicas, e empresas, permitindo aos usuários acessar uma ampla gama de serviços online de forma segura.
Por meio do BankID, é possível realizar transações bancárias, acessar serviços governamentais, assinar documentos digitalmente e realizar outras atividades que requerem identificação segura.
Esse sistema de identidade digital facilita o acesso dos cidadãos a serviços essenciais, reduz a necessidade de autenticações físicas e promove a eficiência ao eliminar a burocracia.
Além disso, contribui para a inclusão ao permitir que mais pessoas participem da sociedade digital, independentemente de sua localização ou mobilidade.
O futuro da identidade digital nos pagamentos
O case que acabamos de citar da Noruega é ótimo para explicar sobre o futuro da identidade digital nos pagamentos.
Afinal, por lá, é possível fazer compras online e login com segurança em diversos serviços.
No mundo todo, a perspectiva é de uma integração cada vez maior entre identificação segura e transações financeiras.
Com o total controle sobre os seus dados, os usuários podem decidir como, quando e quais informações compartilhar.
E a identidade digital serve como um facilitador: não apenas para acessar, mas também para usar serviços financeiros com segurança e eficiência.
Em um mundo onde as transações podem ocorrer a qualquer hora, em qualquer lugar e em qualquer dispositivo, é fundamental que as partes envolvidas possam se identificar de maneira fácil e confiável.
Conforme a tecnologia avança, a ID digital se tornará cada vez mais integrada aos pagamentos, reduzindo custos para os varejistas e melhorando a experiência do consumidor.
Em sua palestra no Innovation Pay 2023, Nuno Lopes Alves falou sobre os efeitos de ter o histórico de crédito transportado para outro país durante uma viagem.
Isso permitiria pagar menos por um seguro ao alugar um carro, por exemplo.
Ou acessar um quarto de hotel a partir da biometria, com os dados da conta ou do cartão sendo carregados para pagamento.
“Quando a gente muda de país, aquilo que as instituições financeiras conhecem de nós pode ser carregado automaticamente para outro lugar”, explica. “A identidade digital abre todas essas portas”, conclui.
E você, o que pensa sobre a identidade digital?
Para quem tem um negócio, é fundamental ficar por dentro das novidades e os impactos que geram.
Se é o seu caso, não deixe de acompanhar essa revolução e fazer dela uma oportunidade de crescimento.
Para você, temos mais uma dica: conheça a Vindi, uma plataforma completa para pagamentos digitais e presenciais.
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