A liquidação via CIP é o reflexo da modernização do sistema financeiro nacional para pagamentos com cartões de crédito e de débito.
Com ela, o fluxo de dados necessário para cada uma das transações realizadas no país diminuiu.
Assim, o processo ficou mais dinâmico e seguro.
Nos nove primeiros meses de 2022, cerca de R$ 2,42 trilhões foram processados em transações com cartões, segundo dados da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs).
O alto volume de transações faz com que seja necessário um sistema robusto para garantir a comunicação entre todos os participantes do arranjo de pagamento.
Por isso, vamos explicar neste artigo tudo o que você precisa saber sobre a liquidação via CIP e como ela melhorou o processamento dos pagamentos por cartão.
O que é CIP?
CIP é sigla de Câmara Interbancária de Pagamentos, associação sem fins lucrativos fundada em 2001 por diversos bancos que se uniram para apresentar soluções que ajudem a modernizar o sistema financeiro nacional.
A CIP está integrada ao Banco Central e faz parte do Sistema Brasileiro de Pagamento (SBP).
Por isso, é responsável pelo processamento das milhões de transações financeiras que acontecem a cada dia no país, aumentando a transparência e reduzindo o risco de fraudes.
Em relação aos bancos, a organização promove soluções para cartões, boletos bancários, transferências eletrônicas, controles de financiamento e registros de contratos.
De acordo com informações do Jornal Valor Econômico, a CIP passou recentemente por um Rebrand e passa a se chamar Nuclea, com o lema “Conexão que Gera Valor”. Além das mudanças de marca, a empresa prevê dobrar de tamanho até 2027.
Neste conteúdo, vamos focar nas transações em cartões. Por isso, conheça agora o serviço responsável por suas liquidações.
Qual o papel da CIP/SLC no mercado financeiro?
A sigla SLC significa Serviço de Liquidação Cartões, sistema desenvolvido pela CIP para realizar a liquidação centralizada das transações de cartões de crédito de forma mais simples e eficiente.
Para isso, ela facilita a comunicação entre as adquirentes, as bandeiras de cartão e os bancos, simplificando o fluxo financeiro, aumentando a segurança das transações e diminuindo o risco de fraudes.
Além disso, a CIP/SLC viabiliza novas ferramentas nos meios de pagamento.
Outra atribuição do sistema é agrupar as liquidações por débito, crédito e bandeiras, facilitando a conciliação financeira dos estabelecimentos comerciais.
O que é liquidação via CIP?
A liquidação via CIP é um sistema criado para centralizar as liquidações feitas por cartão de crédito e débito entre todos os participantes do arranjo de pagamento – ou seja, instituições financeiras e empresas de meios de pagamento.
Em outras palavras, sempre que alguém usa um cartão para pagar, a transação precisa passar pelo CIP/SLC.
Quando surgiu a liquidação via CIP?
A liquidação via CIP surgiu em setembro de 2017 como parte da Agenda BC+, uma série de medidas criadas para modernizar o sistema financeiro brasileiro. Saiba mais sobre a iniciativa:
Até então, a comunicação era entre os emissores – as instituições responsáveis pelos cartões – e os credenciadores, ou adquirentes.
Assim, cada emissor se conectava com diversos sistemas de liquidação, e o mesmo acontecia com as adquirentes.
Portanto, a liquidação via CIP veio para tornar esse processo mais dinâmico.
Como funciona a liquidação via CIP?
A liquidação via CIP é responsável por centralizar o processamento de todas as transferências provenientes de pagamentos com cartão.
Nesse sistema, a CIP/SLC atua como o único Prestador de Serviço de Compensação e Liquidação (PSCL), por onde passam informações de todas as transações por cartão realizadas no país.
Em outras palavras, uma infraestrutura do mercado financeiro responsável por liquidar um arranjo entre dois entes financeiros – nesse caso, esse arranjo é o pagamento por cartão.
Portanto, em cada pagamento, a CIP/SLC recebe da bandeira do cartão os dados do pagamento para debitar do banco.
A adquirente ou credenciadora também se comunica com a CIP/SLC, para informar o repasse de crédito aos lojistas.
Além disso, o sistema encaminha ao banco um arquivo de liquidação, concretizando a transação.
Quais os benefícios da liquidação via CIP?
A liquidação via CIP trouxe várias vantagens ao mercado financeiro.
Veja algumas:
- Menos custos operacionais: antes da liquidação de pagamentos via CIP, as instituições financeiras precisavam contar com sistemas diferentes de comunicação, o que aumentava as despesas de operação
- Economia ao consumidor: com menos custos, as taxas para os clientes ficam mais baixas
- Mais igualdade: a liquidação centralizada evita vantagens competitivas de instituições com maior estrutura, estabelecendo um mercado mais justo
- Maior segurança: um fluxo de informações mais dinâmico ajuda a evitar a ação de grupos criminosos.
Como era o processo antes da liquidação via CIP e como é agora?
Você se lembra de quando explicamos que a CIP atua como um PSCL, certo?
Isso ocorreu a partir da mudança de 2017, quando todas as liquidações foram centralizadas no sistema. Antes disso, poderia haver até três PSCLs.
Por isso, as instituições precisavam contar com sistemas diferentes para se comunicarem com cada um desses prestadores de serviços. Assim, o fluxo de dados era bem maior, o que reduzia a transparência dos processos.
Veja tudo o que acontecia em uma transação:
- O sistema de cobrança envia dos dados do pagamento à adquirente
- A adquirente envia os dados à bandeira
- A bandeira envia esses dados à instituição responsável pelo cartão para aprovação (ou não)
- A instituição envia os dados à adquirente
- A adquirente informa a aprovação ao consumidor e ao lojista.
Embora o fluxo de informações seja o mesmo, a liquidação centralizada via CIP trouxe novidades que encurtaram a distância entre uma ponta e outra.
Hoje, funciona assim:
- A bandeira do cartão envia os dados da transferência à CIP, debitando a instituição financeira responsável pelo cartão em crédito à adquirente
- A adquirente envia os dados desse repasse à CIP
- A CIP gera um arquivo de liquidação, para que o banco libere o dinheiro do pagamento para cair na conta do lojista.
Portanto, a simplificação dos envios de dados para concretizar a transferência financeira em cada pagamento torna o processo mais seguro.