Um levantamento feito pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) ganhou as manchetes de diversos veículos na última semana e certamente apareceu nos seus feeds de redes sociais ou de sugestão de notícias. E não era para menos: o uso do Pix disparou, e a plataforma se consolidou como o meio de pagamento mais utilizado no Brasil, com mais de 24 bilhões de transações ao longo de 2022.
De fato, é impressionante a curva de adoção deste meio de pagamento – do qual muito se falou no fim da década passada, mas que sempre pareceu uma realidade muito distante e que eu só fui entender mesmo assistindo a uma palestra no Innovation Pay 2019. Em dois anos, não muito mais do que isso, a plataforma de pagamentos instantâneos desenvolvida pelo Banco Central se tornou uma protagonista em uma série de atos em nossas vidas.
E há uma série de jargões – muitos deles já bastante desgastados – que justificam essa popularidade do Pix. “Ele está na palma das nossas mãos”. “Dinheiro na conta num piscar de olhos”, etc. etc. etc. Todos esses muito válidos, de fato, e quem sou eu para questionar uma forma de pagamento que é utilizada cerca de 66 milhões de vezes ao dia, quase 1.000 vezes por minuto, e que movimentou mais de R$ 10,9 trilhões ao longo de 2022. Isso é muito dinheiro, sem dúvida. Veja só: são R$ 10.900.000.000.000,00.
Pix é líder, rei… mas e as outras formas de pagamento?
Pelo que eu li em diversas notícias nos últimos dias, as outras formas de pagamento ficaram no chinelo em 2022. Foram superadas, humilhadas, aniquiladas pelo caçula. Ele não só superou as “concorrentes” diretas TED e DOC como também bateu boleto bancário, cartão de débito e crédito. Na verdade, se somarmos todas as transações realizadas por todas as formas de pagamento, o resultado é menor do que a parcela correspondente ao Pix: 24 bilhões x 20,9 bilhões.
Como eu apontei alguns parágrafos atrás, longe de mim questionar o uso do Pix ou a eficiência e a praticidade do nosso queridinho do pagamento instantâneo. Nunca critiquei, inclusive. Só que o meu ponto é: será que a comparação é justa?
Quero dizer… ao nos depararmos com uma notícia assim, temos a impressão de que o Pix, em tão pouco tempo, já está pronto para substituir todos os demais métodos de pagamento existentes. E… não é bem assim.
Vou dar um exemplo prático.
Pix no e-commerce em 2022
Uma mostra rápida é o uso do Pix em compras online. No Almanaque do Varejo 2022, publicado pela All in e com colaboração da Vindi, compartilhamos que o Pix teve um share de 8,5% nas transações que foram processadas pelo nosso ecossistema de pagamentos entre 1º de janeiro e 31 de dezembro de 2022.
Estes 8,5% representaram um crescimento expressivo em relação a 1,4% que o Pix teve no anterior. Só que a distância para outros meios de pagamento é muito relevante – o cartão de crédito que o diga, que ano após ano aparece com (no mínimo) 60% de share nestas listas de meios de pagamento mais utilizados em compras online.
Esse cenário não é lá muito diferente quando pensamos no e-commerce de “varejo” (quando falamos basicamente do conceito clássico do e-commerce, de compra de produtos físicos e não de infoprodutos ou serviços). A última edição do relatório Webshoppers, da NielsenIQ | Ebit, publicado em fevereiro de 2023 e com dados consolidados até o fim de 2022, apontou que o cartão de crédito correspondeu a 80% dos pagamentos online, contra 14% do boleto e 1% do Pix.
Insights e próximos passos?
Sejamos sinceros, há alguns anos a gente vive um contexto de síndrome de FOMO, o tal do fear of missing out – ou a sensação de estar sempre perdendo alguma coisa. Num mercado tão intenso e mutante como o atual, todos os dias jorram dados e informações novas e sempre há a necessidade de tirarmos insights de tudo o que vemos e melhorar e melhorar resultados…
Digo isso porque, passando o olho por essa informação da liderança absoluta do uso do Pix, não duvido que muita gente tenha cogitado que a partir de agora é mandatório forçar o método de pagamento instantâneo e acabar com cartão e boleto, esses ultrapassados elefantes já a caminho do cemitério, onde se encontrarão com o cheque.
E isso, tenho que te dizer, seria um erro tão grande…
Seria, basicamente, começar a descontinuar meios de pagamento que podem representar 80, 90, 95, 99% dos pagamentos do seu negócio.
O Pix é importante, não resta dúvida. E eu mesmo, enquanto escrevia este texto, precisei utilizar um serviço de entrega que levasse uma encomenda do ponto A para o ponto B, a carteira com o cartão de crédito estava do outro lado da casa, o celular estava do meu lado… então, para agilizar, escolhi pagar via Pix.
E o Pix de fato tem uma penetração gigantesca em transações menores, mais corriqueiras no nosso dia a dia. Transferir um dinheiro rapidinho para alguém por algum motivo X? Pix. Fazer uma vaquinha para comprar presente de aniversário de alguém? Pix. Bolão da Mega Sena? Pix. Quando nos mudamos de casa e fizemos uma venda de garagem de tudo o que não levaríamos conosco? Tudo pago via Pix. Aluguel? Minha companheira fez um Pix para o proprietário e eu depois transferi 50% do valor para ela por Pix. O salário que caiu hoje em uma conta que eu não uso muito mas que preciso manter? Pingou lá e eu já fiz uso do Pix para levar o dinheirinho para outra conta.
Só que percebeu como muitas coisas acontecem na transferência entre pessoas físicas, e não necessariamente em situações de compra e venda “formais”?
Por isso é tão importante ter esse filtro em relação às informações às quais somos expostos antes de tomarmos algumas decisões por impulso, imagino.
Especialmente quando falamos de formas de pagamento, um tema em que diversificar a oferta vale muito mais do que simplesmente substituir. Afinal, você terá clientes que preferem pagar pelo Pix, claro… e muitos outros vão preferir pagar por débito, boleto, bitcoin, fiado… e por cartão de crédito, claro – que ainda tem suas vantagens, como parcelamento, organização de despesas e, claro, programas de pontos e benefícios.
Isso sem falar que o cartão de crédito oferece uma vantagem considerável quando falamos de negócios com pagamento recorrente: basta cadastrá-lo na plataforma e, mensalmente, o valor referente ao serviço ou ao produto comprado é debitado sem grandes atritos.
Muito melhor, tanto para cliente como para as empresas, que tudo isso seja feito de maneira automática, em vez de demandar que o pagamento seja feito de maneira “ativa”: abrindo um e-mail, copiando ou escaneando um código de barras, realizando uma transação… a chance do esquecimento ou de perda de prazo é reduzida consideravelmente, enquanto o “pagamento invisível” é realizado com sucesso.
E, se por algum acaso, a tentativa de pagamento falhar (seja por falhas da adquirente ou do sistema, seja por falta de saldo ou até mesmo por cancelamento e troca do cartão), as melhores soluções em pagamento do mercado (sim, estamos falando da Vindi) possuem excelentes opções de retentativas de cobrança ou de detecção de troca de cartão.
Então, a dica do dia é: respire, não abra mão do cartão de crédito (e nem do boleto ou do Pix, evidentemente) e me siga siga a Vindi (e assine nossa newsletter) para mais dicas!