O Substack vem ganhando popularidade e causando um grande impacto no mercado da informação.
A edição 70 do podcast Dentro do Ringue, da Vindi, falou sobre a plataforma e o que ela representa para o mercado de assinaturas.
Participaram da conversa:
- Maria Silvia Vieira, estrategista de conteúdo na Vindi
- Gaía Passarelli, repórter, autora da newsletter Tá Todo Mundo Tentando e vencedora do Substack Local
- Luca Castellano, autor da newsletter The Morning Pill e investidor no Substack.
Neste artigo, vamos abordar os principais pontos que foram debatidos no programa.
Acompanhe e entenda o que o Substack representa para o mercado da produção textual!
O que é Substack?
Substack é uma plataforma voltada para a divulgação de conteúdo em texto por meio de uma newsletter.
O sistema permite que qualquer pessoa crie um serviço de assinatura com um conteúdo de texto.
Por isso, vem sendo usado por escritores, jornalistas e produtores de conteúdo de diversos segmentos para monetizar seus conteúdos.
Dessa forma, é possível atingir o seu público-alvo sem um intermediários como revistas, jornais ou grandes portais.
Hoje, a plataforma tem mais de 1 milhão de assinaturas.
Entre os produtores que usam a plataforma estão o jornalista norte-americano Glenn Greenwald, vencedor do Prêmio Pulitzer, e o jornalista brasileiro Tiago Leifert.
Por que o Substack vem crescendo tanto?
O Substack parte de uma ideia simples: a facilidade para permitir que qualquer pessoa possa criar conteúdo e gerenciar assinaturas.
“Ele é muito fácil de usar, mas também tem a questão da monetização que ele facilita muito. Uma vez que a pessoa faz a configuração, ele permite que o dinheiro pingue na sua conta de banco com muita facilidade”, explica Gaía Passarelli.
Para Luca Castellano, a liberdade é um dos principais fatores relacionados ao sucesso da plataforma.
“A liberdade é em todos os aspectos possíveis: editorial, criativa, de conteúdo… e talvez principalmente a liberdade financeira, de você possibilitar que o criador, seja jornalista ou não, crie um conteúdo e tire seu pão de cada dia”, afirma o investidor.
Além disso, Castellano também cita a confiança que a plataforma proporciona.
Para ele, o público confia mais em um autor independente do que em um veículo de comunicação, por exemplo.
Qual a estratégia SaaS do Substack?
O Substack é uma plataforma que funciona com base no conceito da economia de recorrência.
Seu uso é gratuito para que cada produtor de conteúdo possa comercializar o seu conteúdo conforme o modelo de assinatura.
Por uma mensalidade, a pessoa recebe um conteúdo diário por e-mail.
Nesse caso, a plataforma fica com 10% das receitas de cada assinante.
Se alguém quiser publicar conteúdo de graça, pode usar a plataforma sem custos também.
A empresa foi fundada em 2017 e, do ano seguinte até 2021, arrecadou US$ 82,4 milhões de investidores institucionais.
Já em 2022, apostou no crowdfunding, arrecadando um total de US$ 8,5 milhões.
Entre esses investidores está Luca Castellano, que antes de decidir colocar seu dinheiro na plataforma, poisjá havia trabalhado com os executivos da empresa.
“Olhando para Substack no mercado em que está inserido, com o produto que tem e as pessoas que estão na linha de frente, e principalmente a minha capacidade de influenciar as pessoas que estão tocando o negócio, não precisei pensar duas vezes”, comentou.
Como o Substack mudou o comportamento dos leitores de jornal?
A popularização do Substack vem causando um grande impacto no comportamento do público que consome conteúdo escrito.
Uma das maiores mudanças é na ideia de proximidade entre leitor e autor.
Luca Castellano fala sobre isso ao comentar sobre os pedidos que recebe para incluir uma foto no seu perfil, já que ele optou por não mostrar o rosto na plataforma.
“O que mais recebemos de feedback é: ‘põe alguém aí!’. Criem uma pessoalidade com a pessoa The Morning Pill”, conta o investidor.
Gaía Passarelli lembra que o Substack vem apostando em recursos extra, como o Notes, em que o autor compartilha pequenos textos ao estilo do Twitter, e um sistema de recomendações.
A jornalista acredita que entre os objetivos dessas funcionalidades está o de intensificar a relação entre criadores e leitores.
“Aquela pessoa que escolheu pagar um dinheirinho para o criador, faz isso mais do que para apoiar: para se sentir parte de algo que está acontecendo. É uma relação que eu não tenho quando assino a Amazon”, compara.
Como o Substack está impactando o jornalismo digital?
O principal impacto do Substack no mercado da informação e do conteúdo está relacionado justamente a essa proximidade do público com o autor.
Afinal, em contraste com o crescimento da plataforma e o grande espaço que ela ocupa no mercado está a dificuldade dos veículos mais tradicionais de mídia em conseguirem assinantes.
Uma prova disso foi a recente decisão (matéria em inglês) da tradicional revista Time de remover o paywall – ou seja, a barreira que obriga o leitor a assinar o conteúdo para poder ler um conteúdo.
A ideia é buscar novas formas de monetização, como a venda de produções audiovisuais para plataformas de streaming, a realização de eventos e o formato de anúncios.
“Monetização não significa apenas cobrar diretamente pela edição que você está entregando. Essa monetização pode ser feita de várias formas, e isso vale para newsletter também”, comenta Gaía Passarelli.
E como estamos falando sobre esse modelo, vale a dica: você pode conferir as informações mais relevantes sobre o mercado de assinaturas e pagamentos assinando a newsletter da Vindi!