O ano de 2024 está à porta, e com ele, novos desafios e oportunidades na economia, especialmente no que diz respeito à taxa de juros no Brasil. Em um talk show exclusivo, Gabriela Prioli, uma das personalidades mais respeitadas da mídia brasileira, e Nathalia Arcuri, autora best-seller e uma das principais influenciadoras financeiras do país discutiram temas que moldarão o cenário econômico e financeiro nos próximos anos. Veja os principais insights.

A queda da taxa de juros, realismo e sustentabilidade

Nathalia Arcuri apontou que a taxa de juros no Brasil tende a declinar, embora de forma mais moderada do que o esperado. Uma tendência que está intimamente ligada à taxa de juros nos Estados Unidos, que exerce influência direta sobre a economia brasileira. 

Embora exista este otimismo em relação ao tema, Arcuri ressalta que é preciso ter cautela, pois, essa queda nas taxas de juros não deve ser encarada como um salva-vidas para os negócios.

Além disso, enfatizou que, independentemente da taxa de juros, os negócios devem manter uma visão realista. Isso implica focar na relação com o cliente, na sustentabilidade do produto e no relacionamento com o mercado. 

Afinal, mesmo em um cenário de taxas de juros mais baixas, as empresas devem se manter sustentáveis, oferecendo valor ao consumidor e não esperar investimentos mágicos.

Educação financeira e suas relações com a inadimplência no Brasil

A educação financeira é fundamental para o futuro econômico do Brasil. No entanto, ainda há obstáculos a serem superados. A Base Nacional Comum Curricular determina o ensino de educação financeira nas escolas, mas 59% dos professores sentem a falta de formação específica na área. 

Segundo Gabriela Prioli, para um país de dimensões continentais como o Brasil, que não possui educação financeira no currículo da educação básica e em que as pessoas saem do ensino médio com conhecimento insuficiente em matemática, ter cerca de 40% dos professores sendo capacitados para a educação financeira é uma conquista importante.

Para Prioli, é preciso condicionar o olhar para reconhecer os avanços, ao invés de considerar apenas as polêmicas, principalmente aquelas que viralizam nas redes sociais. Em termos de política pública, ressalta que devemos adotar uma postura mais proativa, entender como podemos contribuir para que nossa sociedade avance. 

Política pública é gestão de interesses conflitantes, quando se fala em educação financeira, não é um tema que interesse a muitos agentes políticos – Gabriela Prioli.

Conectada diretamente com a falta de educação financeira da população, a inadimplência é uma preocupação crescente, e apesar dos programas de renegociação de dívidas, a previsão é de que o endividamento aumente no final de 2023. 

Conforme Nathalia Arcuri, também precisamos agir de maneira mais proativa dentro das empresas e das nossas esferas pessoais para gerar uma lógica mais regenerativa e capaz de promover um crescimento. Isso porque vivemos em um sistema que privilegia poucos e não apenas desfavorece, como pune muitos.

Neste sentido, reforça que para que as empresas cresçam ano a ano, existem consumidores do outro lado adquirindo seus produtos e serviços. Então, por mais que a empresa tenha uma lógica sustentável e social, do outro lado existem pessoas consumindo esses recursos e a inadimplência é a demonstração clara de como temos pouca capacidade de lidar com a pobreza.

Isso porque todos os temas estão relacionados com o impacto social que é deixado como resultado do crescimento das empresas. Dessa forma, para além da educação financeira da população, não se pode mais falar sobre crescimento do país apenas considerando o PIB ou o crescimento das empresas apenas com base em valuation, é preciso considerar o rastro social deixado para promover esse crescimento.

Desconforto Cultural sobre Dinheiro

As convidadas discutiram, ainda, sobre como a cultura brasileira frequentemente torna desconfortável falar sobre dinheiro, especialmente sobre a abundância de recursos. De acordo com Gabriela Prioli, em um país de extrema desigualdade como o Brasil, parece que só se fala sobre dinheiro quando é relacionado à escassez, censurando o assunto quando se fala sobre a abundância de dinheiro.

Atrelando o tema à gestão de empresas, Prioli aponta que para uma gestão longeva é preciso separar o pessoal do profissional para manter o negócio sustentável, bem como entender que manter o negócio próspero também é positivo para os colaboradores, já que é a fonte de renda de muitas pessoas. Por isso, encoraja as discussões sobre dinheiro tanto no âmbito familiar quanto no profissional.

Nathalia Arcuri concorda que as pessoas sentem dificuldade em falar sobre dinheiro, principalmente quando possuem. Aponta que hoje, o valor do dinheiro está na confiança que as pessoas depositam nas instituições que cuidam do seu dinheiro. Isto é, elas confiam que aquele dinheiro vale alguma coisa e, com isso, valorizam o lastro de uma instituição de renome, confiável.

Arcuri ressalta, porém, que se a confiança relacionada ao dinheiro está em uma instituição, perde-se muito da confiança nas relações e se torna difícil falar sobre dinheiro com as pessoas. Existe uma questão atrelada a políticas públicas, mas aponta a importância de olhar também para as políticas internas das empresas que nem sempre abordam o delicado assunto, principalmente sobre desigualdade salarial, por exemplo.

Privacidade em um Mundo de IA e Deep Fakes

A Inteligência Artificial (IA) traz riscos para a privacidade, particularmente com o crescimento dos Deep Fakes. Na percepção de Gabriela Prioli, para que a IA se torne um risco, ela não precisa dominar o mundo físico, ela precisa dominar apenas nossos sentimentos e aí nós é que vamos levar seu impacto para o mundo físico. 

Além disso, menciona que, daqui em diante, é inegável a IA terá um impacto no mercado de trabalho, mas nem sempre de uma forma tão otimista de deixar uma função e evoluir para outra munido de capacidades de lidar com a IA. É preciso considerar também o volume de trabalhadores que serão incapazes de manejar essas tecnologias para se manter no mercado.

Neste sentido, Prioli aponta que voltamos a todo o ciclo de consumo e sobrevivência das empresas, pois as pessoas precisam estar empregadas para que possam consumir e fazer as empresas sobreviverem. Portanto, quando as pessoas se tornam inempregáveis por que se tornaram incapazes de lidar com as novas tecnologias, considerando ainda a questão do etarismo no mercado de trabalho e a falta de acesso à capacitação, não se pode negar que a IA pode sim gerar um impacto social bem relevante. Assim, sintetiza que, o importante é manter o foco nas funções e capacidades do ser humano a IA não é capaz de substituir.

Perspectivas para 2024

Ao ressaltar suas “palavras-chave” para 2024, Nathalia Arcuri mencionou realismo e empatia, e Gabriela Prioli apontou confiança. A abordagem realista e sustentável é essencial para os negócios, enquanto a confiança nas instituições e na educação financeira será fundamental para moldar o futuro econômico. Além disso, a empatia deve ser promovida para entender as implicações sociais de nossas ações financeiras e tecnológicas.

O ano de 2024 promete desafios e oportunidades únicas, e abordar esses temas críticos com realismo, confiança e empatia será essencial para garantir um futuro econômico sustentável e equitativo.

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