O maior sucesso recente do YouTube não é um garoto cheio de espinhas fazendo crítica afiadas de dentro de seu quarto. O buzz atual é o canal Porta dos Fundos. Criado por humoristas carimbados como Antônio Tabet (Kibeloco), Fábio Porchat, Gregório Duvivier entre outros. O canal é um sucesso de público e crítica. E vem fazendo “suco de laranja em caldo de limão.” A grande sacada do Porta dos Fundos é criar pequenos vídeos sobre o cotidiano. Com uma pegada ácida, os textos exploram desde pequenos acontecimentos do momento do país, até problemas de atendimento de empresas reais, obviamente não citadas com seus nomes nos vídeos. O caso mais curioso (e apimentado) é o caso do “Estaremos fazendo o Cancelamento”, onde o ator Fábio Porchat desenvolve um monólogo ao telefone com uma atendente de telemarketing de nome Judite. Fato passaria desapercebido, não fosse o ator estar pintando todo de azul, sugerindo um integrante do Blue Man Group, principais garotos propaganda de uma empresa de telefonia. Bem audacioso, o vídeo transporta os usuários ao nível máximo de identificação com a situação. O usuário se vê naquela situação.
E não fica por aí, tem o episódio da rede de fast food de comida italiana que pressiona os clientes a escolher os ingredientes em apenas segundos de tempo, tornando a experiência uma grande corrida para escolher uma simples massa. Esse caso, bem aproveitado pela rede Spoleto, virou contra a própria crítica. Explico melhor: o Spoleto recebeu a crítica do Porta dos Fundos e usou a favor, pedindo um vídeo de reposta, onde o ator Fábio Porchat comunica de forma clara que o Spoleto se preocupa com o cliente. É a mídia online sendo reinventada. No caso a publicidade de vídeos online.
O caso do Porta dos Fundos, é só um exemplo claro que vídeos online têm um caminho promissor na publicidade. Amplamente mais baratos que os filmes publicitários da TV, os vídeos publicitários da internet apontam foguetes aos céus. Nike, Gillette e outras marcas apostam alto nisso e não é de hoje. Eles vão a favor de números surpreendentes: 2 bilhões de pessoas no mundo. É uma audiência e tanto para vídeos. Aqui são 80 milhões delas são brasileiros.
Efeito Viral
O efeito viral é um grande fator. As agências e marcas defendem quando sugerem uma campanha exclusiva com vídeos online. Garotos propagandas como os jogadores Kaká e Neymar e lutadores como o Vitor Belfort, já estrelaram campanhas exclusivas na internet. E o custo reduzido disso é apenas um benefício desse modelo, já que um vídeo bem produzido no YouTube ou no Vimeo, pode ser facilmente compartilhado e visto mais de uma vez. São inúmeras vantagens, se pensarmos do ponto de vista mercadológico. Para citar um caso viral, a Nokia gerou polêmica em junho de 2012 ao postar um vídeo de um suposto apaixonado atrás de um amor perdido com o nome de “Perdi meu amor na Balada”. O vídeo gerou essa polêmica, pois simulava uma situação real (na verdade era um vídeo produzido). O Conar na época foi em cima da empresa pedindo explicações. Fato é que o vídeo produzido pela fabricante de celulares, foi assistido cerca de 150.000 vezes no primeiro dia de veiculação. Uma campanha dessa na TV custaria muito, e não seria garantia de sucesso. Nesse caso é um tiro certeiro. Além de ser um grande teste para iniciar uma campanha maior nas mídias convencionais.
O Brasil caminha a passos médios para atingir a maturidade dessas verbas de publicidade atingirem os patamares dos EUA, que fazem muito bom uso de campanhas desse tipo. McDonald’s, Pepsi e outras já usam isso independente de outras mídias.
A marcas por aqui ainda precisam olhar com mais carinho para esse meio, já que o público alvo de muitas marcas não está mais assistindo novelas.
Fonte: Exame.