Você consegue imaginar que, na década de 40, quando um paciente precisava fazer um hemograma – um dos exames mais comuns – o médico tinha que analisar o sangue por meio de um microscópio, contando célula por célula para chegar ao resultado?

Hoje, a leitura do sangue é automatizada, feita por um aparelho. Essa mudança foi o que barateou a análise e permitiu ter resultados mais rápidos e mais precisos, sem a preocupação do erro humano na contagem de células.

Esse exemplo demonstra um grande avanço que ocorreu na medicina ao longo dos últimos anos. Mas ainda tem muito mais por vir. O próximo passo, segundo David Schlesinger, fundador do laboratório Mendelics, é que vamos chegar em um ponto em que as pessoas serão capazes de fazer diagnósticos mais simples em sua própria casa.

 David é um dos palestrantes do evento Tomorrow, abaixo você pode conferir sua apresentação no TED Talks.

O processo de ir ao médico, receber um pedido de exame, fazer o procedimento e só voltar daqui um mês, deve desaparecer aos poucos. Isso tudo graças ao avanço da tecnologia e da inteligência artificial que vão permitir termos resultados em tempo real.

Você já se perguntou o que mais deve mudar na área da saúde nos próximos anos? Separamos abaixo as promessas que envolvem o futuro da medicina, confira!

Foco na medicina preventiva

E não na reativa como ainda vivemos hoje. Ou seja, o paciente só procura o médico quando ele já está com algum sintoma. Se levarmos em consideração que quase 70% dos brasileiros não têm convênio médico, a busca por ajuda pode acontecer muito tarde.

Nesse cenário, wearables (também conhecidos como tecnologias vestíveis) e os próprios celulares serão capazes de funcionar como “guardiões da saúde”, possibilitando que as pessoas tenham controle de sua saúde em casa.

No futuro, a tendência é que a relação médico-paciente se torne mais colaborativa. Já que com as informações muito mais acessíveis, os médicos deixarão de ser os únicos detentores do conhecimento.

Mais inteligência artificial

A inteligência artificial tem revolucionado praticamente todas as áreas da nossa vida, com a saúde não é diferente. A medida que ela avança, os algoritmos ficam ainda mais capazes de prever quais doenças um paciente pode ter, antes mesmo que ela aconteça.

A ideia não é que a inteligência artificial substitua os médicos. Ela será, na verdade, uma grande aliada para aprimorar as habilidades deles. Já que eles conseguirão ter acesso a muito mais informações dos pacientes, podendo entender melhor um diagnóstico e tomar decisões mais precisas.

Com a inteligência artificial permitindo a criação de uma alta base de dados, os médios não precisarão mais perder tanto tempo questionando informações burocráticas ou de histórico familiar. Assim, sobrará mais tempo para ouvir o paciente e interagir da maneira que as máquinas ainda não podem; da forma humana.

Uso de wearables de saúde

futuro da medicina

Essa tecnologia já tem sido bastante usada por quem pratica exercícios físicos. Principalmente porque ela permite monitorar os batimentos cardíacos, número de passos entre outras ações.

Mas para o futuro da medicina, a tendência é que esses aparelhos também consigam realizar diagnósticos mais completos, auxiliando na detecção precoce de doenças, sem a necessidade de exames médicos.

Adoção de diagnósticos personalizados

Com o avanço da inteligência aumentada, possibilitando uma coleta muito maior de dados e também a leitura dessas informações, vamos ver a medicina capaz de criar diagnósticos mais personalizados. Isso aumentará a chance do tratamento ter um resultado muito melhor, pois ele será desenhado especialmente para sua necessidade.

Por que essa mudança é importante? O motivo é que, hoje, os principais tratamentos realizados são baseados em estudos feitos com pessoas de determinadas características em comum.

Por exemplo, os testes para tratamento de câncer acontecem, em sua maioria, em homens, brancos, numa faixa etária específica e, em maioria, americanos. Mas os tratamentos acabam sendo aplicados para pessoas do mundo inteiro que possuem uma genética completamente diferente daqueles que participaram da pesquisa.  

Impressão de órgãos 3D

Até aqui, falamos do futuro da medicina citando mudanças muito mais fáceis de se imaginar aplicadas a realidade, não é? Mas agora, vamos entrar em apostas que podem parecer fazer sentido apenas em filmes de ficção. Mas que – acredite ou não – elas já são reais.

A primeira é a bioimpressão 3D de órgãos. Já imaginou “imprimir” uma orelha ou mesmo um rim? Essa possibilidade já é real, os cientistas continuam cautelosos para entender se os órgãos impressos conseguem ter um tempo de vida suficiente em um ser humano.

Ao invés de usar tinta, como as impressoras comuns, a bioimpressão 3D usa biotintas. Elas contém células, proteínas e elementos biológicos capazes de reproduzir um tecido.

A ideia de cultivar órgãos humanos e não mais transplantá-los pode salvar diversas vidas. As pessoas não precisarão mais ficar esperando um longo tempo em filas. Em muitos casos, correndo o risco de vida pela demora.

Em 2016, um experimento feito por pesquisadores norte-americanos teve sucesso em implantar tecidos impressos com a tecnologia 3D em animais. A ideia é que, em breve, esses órgãos passem a ser usados também em pessoas.   

No vídeo abaixo, você pode conferir a palestra do cientista Anthony Atala no TED Talks e vê-lo mostrar a impressão 3D de um rim.

Consolidação da cirurgia robótica

Os robôs que fazem cirurgias não são aqueles com braços e pernas; que andam e até conversam como vemos alguns por aí. Por enquanto, eles são grande estruturas robóticas  comandados por um especialista.

A grande diferença é que os braços do robô são programados para não tremer. Um mal comum a qualquer humano, mesmo os médicos mais experientes. Além disso, os punhos do robô são capazes de girar em 360º, facilitando o acesso a muito mais lugares que um ser humano teria.

Esses dois pontos garantem ao robô movimentos muito mais precisos, capazes de operar áreas delicadas do corpo.

A câmera também é outro diferencial, pois as imagens oferecem uma visão tridimensional. A partir dela, os médicos têm a sensação de ver o corpo humano de dentro.

A cirurgia robótica garante aos pacientes procedimentos com alta precisão. Além de cortes menores, menor sangramento e a possibilidade de se recuperar muito mais rápido do que de uma cirurgia tradicional.

O robô Da Vinci, como é chamado um dos aparelhos, está há um tempinho no Brasil. Hospitais como o 9 de Julho e o Israelita Albert Einstein já realizam a cirurgia robótica há um tempo, principalmente nas áreas de urologia e ginecologia. No futuro, a ideia é que ela se expanda para mais procedimentos cirúrgicos.

Era dos ciborgues

Por definição, o ciborgue é um ser humano que possui alguma parte cibernética em seu corpo. Na ficção, eles, normalmente, são usados para comparar o homem com a máquina. Você, provavelmente, se lembra do Robocop ou o famoso vilão de Star Wars, Darth Vader? Então, eles são exemplos de ciborgues fictícios.

Na vida real, essa definição é mais utilizada para se referir a pessoas que possuem tecnologias como extensão do corpo, ajudando-o com alguma deficiência. Um exemplo são as próteses de fibra de carbono bem comum para substituir membros humanos.

Um dos casos de ciborgue mais conhecidos é o artista Neil Harbisson. Ele nasceu com Daltonismo, uma deficiência em que a pessoa não consegue diferenciar nenhuma cor. Para ele, o mundo era sempre preto e branco. Foi, então, implantado em sua cabeça um “olho eletrônico” que lhe permite identificar as cores por meio de ondas sonoras.

Se hoje a ideia de ciborgue está direcionada para suprir alguma deficiência, existem discussões que, num futuro talvez não muito distante, essas tecnologias passem a ser aplicadas nos seres humanos também para expandir ou criar habilidades que vão além da nossa capacidade.

 

 

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