O Brasil é vanguarda mundial quando o assunto é tecnologia em pagamentos – e o Pix está aí para provar, com o modelo nacional servindo de inspiração para outros países, como Colômbia e Canadá. Mas isso acontece porque, em nosso país, os desafios do mercado de pagamentos não são poucos… e muito menos simples! 

Os desafios do mercado de pagamentos no Brasil foram tema no conteúdo que o CEO e fundador da Vindi, Rodrigo Dantas, levou ao palco do Innovation Pay 2022 – o maior mercado de fintechs, pagamentos e serviços financeiros da América Latina. A palestra Pix, Cashback, PDV e Wallet: tá tudo diferente! marcou a abertura do encontro, em 16 de novembro.

Dantas falou sobre as características do mercado brasileiro e listou os 7 principais desafios do ramo. Continue lendo para saber quais são eles.

Conheça os 7 principais desafios do mercado de pagamentos

Dantas destacou que o mercado brasileiro de pagamentos possui muitas particularidades. Por isso, os estrangeiros que começam a investir no país precisam se adaptar a essa realidade, o que nem sempre acontece.

“Já vimos muitas empresas apoiadas por fundos de investimentos grandes chegarem ao Brasil para montar uma operação, não olharem para os desafios e serem jogadas para fora. Estou falando de empresas com capital próprio, que lá fora lideravam seus mercados. Ao chegar aqui, o jogo é diferente”, apontou.

A principal característica do brasileiro é o gosto pelas compras a prazo. Tanto que o conceito de BNPL (Buy Now, Pay Later), que vem sendo apresentado como novidade em vários países, é bem semelhante aos crediários que são feitos há décadas por aqui.

Além disso, quem investe nos mercados de pagamento precisa estar por dentro das características do funcionamento de cada formato. “Tem um ambiente próprio de boleto, débito em conta, cartão de crédito, transferência online, Pix, fraude, tem 3DS… as pessoas chegam e não entendem como funciona isso por aqui”, destaca.

O executivo listou os sete principais desafios para plataformas de pagamentos e fintechs superarem, se quiserem se dar bem no mercado brasileiro.

Conheça cada um deles abaixo.

1. Alta concentração de varejo offline

Embora o e-commerce esteja cada vez mais consolidado na rotina dos consumidores brasileiros, 83% do varejo ainda está fora da internet. Para Dantas, o mercado de pagamentos deve disponibilizar soluções para compras em lojas físicas.

“Só isso já traria para nós aqui uma grande oportunidade de desenvolver outros mercados que ainda não conseguimos”, comentou o executivo.

Uma forma de viabilizar o alcance a esse mercado seria a adoção de estratégias omnichannel, que podem ajudar empresas a implementar uma lógica phygital com sucesso.

2. Desbancarizados

Uma pesquisa do Instituto Locomotiva (citada nesta reportagem) aponta que o Brasil tem 45 milhões de desbancarizados (ou seja, são pessoas que não têm conta em banco e lidam apenas com dinheiro vivo). 

O estudo aponta que este grupo movimenta mais de R$ 800 bilhões por ano e, portanto, os meios de pagamento precisam ficar atentos a esta população. Para uma loja online, receber pagamentos por boleto bancário pode representar a única chance de vender para um bom número de consumidores.

rodrigo dantas é ceo da vindi

Rodrigo Dantas, CEO da Vindi e co-host do podcast Like a Boss

3. Alto número de fraude em pagamentos

Fraudes em pagamentos representam um dos principais desafios do ramo financeiro – principalmente no Brasil, que desde 2016 leva o amargo crédito de segundo país no mundo com maior volume de fraudes em cartões, graças à pesquisa Global Consumer Card Fraud (veja mais nesta reportagem do jornal O Globo).

O estudo apontou que 49% da população afirmou ter sofrido algum tipo de fraude com cartões em um período de cinco anos – apenas o México teve uma proporção maior.

Se considerarmos dados atualizados, podemos perceber que a fraude em meios de pagamento é, de fato, um problema sério a ser enfrentado pelos empreendedores brasileiros.

Segundo o Mapa da Fraude da ClearSale, somente no primeiro semestre de 2022 foram registradas mais de 2,8 milhões de tentativas de fraude, e o valor dessas tentativas somadas passou de R$ 2,9 bilhões.

Portanto, se uma empresa pretende investir no ramo financeiro por aqui, este é um problema que merece toda a atenção possível.

4. Forte cultura hacker

Por outro lado, o conhecimento em TI de muitos brasileiros pode ser aproveitado para trazer ao mercado nacional profissionais que busquem mais inovações nos meios de pagamento.

“Isso é pouco falado, mas a gente tem uma cultura forte hacker. Isso favorece muito para desenvolvermos empresas com muita base tecnológica”, afirma Dantas.

Assista a um trecho da palestra de Rodrigo Dantas:

5. Digitalização acelerada

O brasileiro tem perfil de usuário de tecnologia. O sucesso da implementação do Pix e a rapidez com que o novo meio de pagamento se popularizou no país são boas amostras disso.

“A gente está muito na frente. Primeiro que no Brasil tem mais smartphones que pessoas, e só isso já traz algumas oportunidades”, comentou o executivo da Vindi.

Esta reportagem da CNN Brasil mostra que, conforme um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), existem 242 milhões de smartphones em uso no Brasil. Já a população nacional é pouco superior a 214 milhões de pessoas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

Levando em consideração notebooks e tablets, temos uma média de 1,6 dispositivos por habitante!

6. Regulamentação forte

Um dos desafios das empresas de pagamento que atuam no Brasil é a adequação de uma regulamentação forte por parte do Banco Central (Bacen). Porém, a instituição também é uma das responsáveis por melhorar o sistema de pagamentos ao reunir os principais players do mercado para implementar iniciativas inovadoras, como o Pix.

“É um golaço do Banco Central apoiar as iniciativas de inovação no Brasil. Está aí o Pix, que acho que é a startup mais inovadora em 20 anos no Brasil, de longe”, opinou Dantas.

O mesmo acontece na implementação do Open Finance: todas as empresas e instituições que oferecem produtos e serviços financeiros participam do projeto, enquanto o Bacen é responsável pela supervisão e regulamentação da iniciativa.

Portanto, a empresa que souber se adequar a esta realidade tem muito a ganhar.

7. Alto índice de desigualdade social

Este é um dos maiores desafios para uma empresa de meios de pagamento. Mais do que dar várias opções a consumidores e comerciantes que contam com as facilidades da tecnologia, é essencial que a inovação ajude na inclusão de todos os consumidores.

“Eu acho que a tecnologia de serviços financeiros pode ser um meio de ajudar este cenário a mudar”, opinou o executivo.

Bônus: Tendências globais e o que está por vir 

Também no Innovation Pay, gravamos um episódio em vídeo do podcast Dentro do Ringue com outro tema bastante relacionado ao tema central da palestra de Rodrigo Dantas.

Com as participações de Camilla Caresi (diretora de riscos e compliance da Pay4Fun), Leandro Mattos (VP de Pagamentos da Mastercard Brasil) e Vinícius Bufoni (CTO da Vindi), debatemos sobre o que está por vir no mercado e sobre as tendências que estamos vendo ao redor do planeta quando o assunto é pagamento. Confira!

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